Primeira leitura (Sf 3,14-18a)
É o domingo da alegria
(cor litúrgica: rosa). O exílio terminou. Com o indulto do imperador Ciro, o
povo hebreu podia voltar à pátria. A maioria, porém, não quis voltar porque
haviam feito um “pé de meia” na Babilônia e ignoravam a
situação que iriam encontrar na Palestina que eles haviam deixado há 50 anos. A
nova história recomeça com os pobres, um pequeno resto que havia ficado na
Palestina.
A catástrofe do exílio
fora causada pela incompetência, ganância, corrupção e opressão do povo por
parte dos reis de Judá e Israel. A vítima foi o povo, em parte
exilado mas sobretudo os que ficaram que tiveram que pagar a “dívida externa”
do país.
Agora que as forças
opressoras estavam fora de combate, podia começar uma nova história a partir
dos pobres. Os versículos escolhidos para a liturgia deste domingo estão cheios
de otimismo, alegria e esperança. “O Senhor teu Deus está no meio de ti como
herói salvador! Ele anda em transportes de alegria por causa de ti, e te renova
seu amor. Ele exulta de alegria a teu respeito como num dia de festa” (vv.17-18).
O motivo de alegria é este: O Senhor é rei de Israel que agora
lidera e organiza o pequeno resto, iniciando com os pobres a nova sociedade e a
nova história.
Segunda Leitura ( Fl 4,4-7)
Paulo está preso em
Éfeso, e escreve aos filipenses convidando-os à alegria. “Ainda que tivesse que
dar a minha vida pela vossa fé, escreve Paulo, eu me sentiria feliz e me
alegraria”. “Vós outros, também vos alegrai-vos e regozijai-vos
comigo” (Fl 2,17-18). “No mais, meus irmãos, alegrai-vos no Senhor”
(Fl 3,1). Por fim, eis ainda a exortação mais insistente, retomada
na leitura deste domingo: “Alegrai-vos sempre no Senhor, repito, alegrai-vos!”
(v.4).
O motivo da alegria é
que “o Senhor está próximo”.
A fé comunica a
certeza de que tudo o que acontece não está fora do plano de Deus e que a vida
de cada homem terá um final feliz. Por isso nada de desespero e de
ansiedade. Mesmo que o nosso passado, talvez pecaminoso, nos
deixe tristes e desanimados. Esqueçamos o passado porque o Senhor é
misericordioso e está próximo.
Evangelho (Lc 3,10-18)
“Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir da ira iminente? O machado já está posto à raiz das árvores. E toda árvore que não der bom fruto, será cortada e lançada ao fogo” (Lc 3,7.9). É com estas palavras duras que João recebe todos os que vão pedir-lhe o batismo. Não é exatamente uma “boa-nova” e nem está em sintonia com o tema da alegria que caracteriza as leituras deste domingo.
“Fazei, pois, uma
conversão frutuosa”. Mas que obras são estas? Não são “devoções”: rezar o terço
todos os dias, rezar três vezes a “salve rainha” antes de deitar, “fazer uma
boa confissão”, participar da novena do Natal...etc. o Batista
não é desta linha. Exige alguma coisa concreta e radical.
1. Partilha v.11)
O povo pergunta: então
o que devemos fazer? João responde, em primeiro lugar, ao povo: Para construir
a nova história é necessário partilhar: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem
não tem e quem tem comida faça o esmo”. João mostra assim como surge a nova
sociedade e a nova história, completamente diferente da “história oficial”,
baseada na ganância e no acúmulo de bens. Naquele tempo a maioria das pessoas
tinha somente uma muda de roupa. Os ricos tinham duas ou mais. E havia os
miseráveis que andavam literalmente nus.
2. Justiça
Os cobradores de
impostos também se apresentavam a João com a mesma pergunta do povo: “Que
devemos fazer”? O povo odiava os cobradores de impostos, pois eram
colaboracionistas dos romanos e, por meio da pressão verbal ou da força militar
(os soldados que os acompanhavam), exploravam o povo cobrando mais do que o
devido e assim se enriqueciam ilicitamente. A resposta de João mostra qual é o
segundo requisito fundamental para entrar na nova sociedade: “Vocês não devem
cobrar mais do que a taxa estabelecida”.
3. Acabar com os
abusos de poder (v.14)
O terceiro grupo de
pessoas que se apresentam a João são os soldados de Herodes Antipas, que
acompanhavam os cobradores de impostos. Quando estes não
conseguiam roubar o povo mediante pressões verbais, utilizavam-se da força
militar da polícia. Esta intimidava, batia, levantava falsas acusações...Assim,
cobradores de impostos e polícia viviam à sombra da imunidade e da tutela dos
poderosos; estavam entre os maiores violadores dos direitos humanos. Aos
“homens da lei” João dá esta ordem: “Não tomem pela força o dinheiro de
ninguém, nem façam acusações falsas: contente-se com o seu salário”.
4. Jesus vai
eliminar o mal
O programa de vida
apresentado na pregação de João suscitou expetativas messiânicas no povo, que
se perguntava se o Batista não seria o Messias (v.15). A resposta de João
não deixa dúvidas, ele se identifica
como o precursor da grande novidade. Ele é o que prepara a comunidade para o encontro
com o esposo, aquele que irá “batizar com o fogo do Espírito Santo” (v.16). O
Messias é Jesus. É ele que vai realizar com o povo que o segue, a nova história
e a nova sociedade.
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