Décimo Sexto Domingo do Tempo Comum - Ano B


  

OS LÍDERES TRAIDORES DO POVO E A LIDERANÇA DE JESUS


 Primeira leitura (Jr 23,1-6)

Estamos na década de 586-587 a.C. que marca o fim do Reino de Judá. Sedecias é o rei, incompetente e mal assessorado. O profeta da hora é Jeremias. Místico e político como os demais profetas do Antigo Testamento. Ele aconselha o rei a fazer um acordo com Nabucodonosor para evitar um massacre. Em vão. Nabucodonosor, furioso, invade Jerusalém, destrói o templo e some com a Arca da Aliança. Era a “Sexta Feira Santa” para o povo judeu. Vinte mil líderes são levados para trabalhos forçados na Babilônia.

A leitura de hoje começa com as palavras ameaçadoras de Deus contra os dirigentes políticos, incompetentes e corruptos. O profeta os compara a pastores que, em vez de protegerem o rebanho que lhes foi confiado, o conduzem à perdição. “Ai de vós, diz o Senhor, eu vos pedirei contas dos vossos atos” (vv.1-2).

Após esta sentença de condenação ele anuncia que Deus suscitará um rei que conduzirá Israel à glória e ao esplendor dos tempos de Davi e Salomão.

O “pastor”, o filho de Davi prometido, nós o conhecemos: é Jesus de Nazaré.

Também hoje há muitos maus pastores (os políticos) que em vez de servir o povo se fazem servir por ele.

 

Segunda leitura (Ef 2,13-18)

Antes de Jesus, os judeus não se misturavam com os demais povos. A leitura de hoje nos ensina que Jesus derrubou todas as barreiras que separavam os homens e os reuniu num único povo (v.14), anulando a lei que impunha esta divisão entre israelitas e pagãos (v. 15) e reconciliou os dois povos com Deus e entre si.

Nós cristãos somos hoje no mundo as testemunhas desta unidade e desta paz entre todos os povos.

 

Evangelho (Mc 6,30-34)

Após a primeira missão, os apóstolos se reúnem todo eufóricos em volta de Jesus e lhe contam tudo o que fizeram e ensinaram.  Jesus os convida a afastar-se com ele para um lugar isolado para que descansem um pouco.

Parece que Marcos quer evitar que os discípulos se sobrecarreguem com tantos compromissos que os impeçam de cumprir com outros deveres importantes, tais como os que se referem à família, à mulher, aos filhos e à própria profissão.

Outro motivo da reunião com o Mestre é planejar e não tomar nenhuma decisão sem a ciência do mestre, evitando assim responder a necessidades e exigências seguindo exclusivamente o que é sugerido pela lógica e pela prudência humana.

Por isso é preciso parar um pouco para rezar e avaliar com o Mestre o que se planeja fazer e o que foi feito.

O descanso é breve: dura o tempo da travessia do lago no barco. Na segunda parte do evangelho encontramos novamente Jesus e os Apóstolos no meio da multidão (vv.33-34) que acorreu de todas as partes e está à sua espera nas margens do lago. Os ocupantes do barco representam a comunidade cristã que dedicou um bom tempo para refletir sobre si mesma e comparar suas atitudes com as do Mestre antes de voltar para o meio dos homens.

Jesus sente compaixão porque, diz ele, estão desgarradas como ovelhas sem pastor.

Um dia teremos que revisar diante de Jesus, nosso único Senhor, a maneira como olhamos e tratamos essas multidões que estão abandonando silenciosamente a Igreja, talvez porque não podem ouvir de nós seu evangelho ou porque já não lhes dizem nada nossos discursos, comunicados e declarações.

Pessoas simples e boas que estamos decepcionando porque não veem em nós a compaixão de Jesus. Crentes que não sabem a quem recorrer nem que caminhos seguir para encontrar-se com um Deus mais humano do que aquele que percebem em nós. Há cristãos que se calam porque sabem que sua palavra não será levada em conta por ninguém importante na Igreja.

Um dia o rosto desta Igreja mudará. Ela aprenderá a agir com mais compaixão; esquecer-se-á de seus próprios discursos e pôr-se-á a ouvir o sofrimento das pessoas. Jesus tem força para transformar nossos corações e renovar nossas comunidades. Precisamos voltar para ele.

Diante da multidão desorientada. Jesus sente uma profunda compaixão. Em Israel há muitos pastores: os escribas, os fariseus, os rabinos, os chefes políticos, o rei Herodes, mas eles não têm palavras de vida, palavras de esperança.

Perguntemo-nos: temos nós os mesmos sentimentos que Jesus teve em relação aos homens do nosso tempo? Identificamo-nos com os seus dramas, com os seus sofrimentos, com as suas angústias, com os seus problemas, com as suas famílias?

 


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