Trigésimo Terceiro Domingo do Tempo Comum – Ano A


 

 

 

O SENTIDO DA VIDA É LUTAR PELA JUSTIÇA

 

Primeira leitura (Pv 31,10-13;19-20.30-31)

A primeira leitura deste domingo nos apresenta a mulher ideal, que por certo todo marido gostaria de ter.

1. Antes de tudo é uma mulher de valor: faz a felicidade de seu marido, na família difunde a paz, serenidade e harmonia (vv.10-12).

2. É uma mulher trabalhadora(vv.13.19). Não fica de mãos inativas nem se perde em conversas vazias, mas se agita para que na sua casa nada falte.

3. A terceira característica da mulher é ter um coração generoso, comove-se diante das necessidades dos pobres e os socorre.

4. A quarta e última característica é a de ser uma pessoa religiosa, temente a Deus, cumpridora dos mandamentos de Deus e que não dá muita atenção às aparências.

Há muitas mulheres assim hoje? O trecho começa com uma pergunta inquiridora: “Uma mulher perfeita, quem poderá encontrá-la”? (v.10). Penso que haja muitas. De qualquer forma, é sintomático o fato que, neste domingo a liturgia, querendo propor-nos um exemplo de trabalho, de dedicação, de empenho, tenha escolhido um texto que nos apresenta a mulher.

 

Segunda leitura (1Ts 5,1-6)

Já dissemos, domingo passado, que em Tessalônica, os cristãos esperavam que o fim do mundo e a volta do Senhor iam acontecer em breve. Para saberem mais encarregaram Timóteo de perguntar a Paulo se ele estava em condições de fornecer indicações mais exatas acerca do tempo em que tais fatos deveriam acontecer.

Em resposta, Paulo diz que o que importa não é conhecer o dia e a hora, mas não se deixar envolver pelas trevas do mal. Desde o dia do próprio batismo os cristãos se tornaram filhos da luz e filhos do dia, e não podem, portanto, se deixar surpreender como quem vive no escuro e está submerso no sono (vv.4-6).

 

Evangelho (Mt 25,14-30)

Segundo os evangelhos, Jesus contou cerca de quarenta parábolas. Aqui vai mais uma.
1. O homem do qual fala a parábola é um senhor oriental muito rico. Um talento não era uma quantia pequena: corresponde ao salário de vinte anos de um operário.

Os talentos entregues aos três servos, não são como muitos entendem, as capacidades que cada um recebeu de Deus, pois no v. 15 se diz que os talentos foram distribuídos “a cada um conforme as suas capacidades”, portanto não pode tratar-se das capacidades.

2. O Senhor rico é Cristo que, antes de deixar este mundo para entrar na glória do Pai, deixou todos os seus “bens” aos discípulos.

3. O tempo de espera durante o qual os talentos devem produzir frutos, é o que transcorre da Páscoa até a volta de Cristo no fim do mundo. Trata-se, portanto, do tempo da Igreja...

4. Os servos são todos os membros das comunidades cristãs

5. Em que consiste a riqueza entregue aos servos? Trata-se de tudo aquilo que Jesus deixou para a sua Igreja: antes de tudo o Evangelho, a sua mensagem de salvação, em seguida o Batismo, a Eucaristia e todos os sacramentos, o poder de curar, de consolar, o seu amor pelos pobres, para com os que sofrem na vida...

Agora cabe aos seus discípulos trabalharem para que tudo o que ele lhes confiou produza frutos abundantes. Para tanto cada um deve assumir alguma responsabilidade, conforme suas próprias capacidades. A um é confiado o ministério do anúncio da palavra de Deus, a outro a tarefa de preparar os catecumenos para o batismo, a outros a missão de preparar os jovens para o casamento, a outros o cuidado pelos pobres, pelos doentes, e outros tantos serviços para que os membros da comunidade possam levar uma vida cristã.

6. Se alguém por qualquer motivo não puder prestar o serviço que lhe foi pedido, deve devolver o seu ministério ao “banco”, isto é, à comunidade de modo que, ela possa confiar o serviço a outro que esteja disposto a desempenhá-lo.

7. O personagem principal da parábola, acaba sendo o terceiro servo, aquele que foi bloqueado pelo medo. Medo de atualizar a Palavra de Deus. É o medo dos conservadores que tratam a Palavra de Deus como se fosse petrificada ou embalsamada, tem medo de traduzi-la para o hoje para que alimente a fé das pessoas. Dão um jeito para que tudo continue como está, que a explicação das leituras do domingo seja genérica, aérea, diluída num acúmulo de palavras ocas, distantes dos problemas da vida real. Dessa maneira ninguém se sente atingido, ninguém se sente estimulado para a conversão.

8. O medo do servo pode também ter origem num medo de Cristo e de Deus. Isto é conseqüência de uma interpretação distorcida da bíblia. Chega-se a pensar em Deus como se fosse um guarda que controla o trânsito e pune os infratores.

Quem imagina que Deus é assim, com certeza se comporta como o terceiro servo da parábola: limita-se a praticar aquilo que é indispensável. O seu objetivo: é: não cometer pecados mortais, por isso ele sempre trabalha dentro de uma margem de segurança, nunca se arrisca em alguma coisa nova.

 Quem se empenha, quem tenta, pode até errar. Talvez nem todas as operações econômicas tiveram bons resultados para os primeiros dois servos, entretanto o único a ser condenado foi aquele que não quis arriscar.

Quem arrisca e tenta inovar pode até errar, mas quem não arrisca, erra sempre...



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