Vigésimo Sétimo Domingo do Tempo Comum – Ano A


 


NOSSA MISSÃO: PRODUZIR FRUTOS DE JUSTIÇA E DIREITO

 

Primeira leitura (Is 5,1-7).

Este texto é conhecido como o Poema da vinha. No tempo de Jesus quase todas as famílias tinham uma vinha (plantação de uvas). Alguns eram donos de grandes vinhedos.

Isaías faz de conta que é amigo de um agricultor que tem uma vinha que ele aprecia muito, tanto assim que não fala de outra coisa. Fez de tudo para obter uma produção abundante e de boa qualidade: importou cepas nobres e vigorosas e escolheu a encontra de uma colina, batente de sol, arrancou as ervas daninhas, recolheu as pedras, construiu uma torre de proteção etc.

Mas eis que depois de dois anos, chegado o tempo da primeira colheita, a grande decepção: o tão apreciado vinhedo produziu somente uva ácida, amarga, intragável.  Imaginem a gozação dos vizinhos...O agricultor se enfurece e arrasa o seu vinhedo.

Interpretação do poema: o senhor é Deus; as videiras selecionadas são os israelitas que o Senhor foi buscar lá fora, no Egito; a terra fértil na qual este povo foi plantado é a Palestina, as pedras que se encontravam no campo e que foram removidas, eram os povos que ocupavam a Palestina antes da chegada dos israelitas; a torre de proteção é a dinastia de Davi.

Os frutos esperados eram: fidelidade à aliança, justiça social, o amor ao pobre, à viúva; em vez disso:pecados, infidelidade, opressão dos pobres, mentiras nos tribunais, práticas religiosas formadas por cerimônias, e rituais de culto, não acompanhados pela conversão do coração.

Também hoje há pessoas que demonstram terem uma fé muito sólida. O que elas produzem, porém, tem somente a aparência das obras de fé. Se forem examinadas atentamente descobre-se que outra coisa não são senão ritualismo, exterioridade, futilidade, espetáculo...

 

Segunda leitura (Fp 4,6-9)

Paulo afirma nos versículos 6-7 que nada poderá destruir a paz e a alegria de um cristão, nada pode lhe causar angústia, se ele permanece unido a Deus na oração. Nos vvv.8-9 ele apresenta uma lista de virtudes humanas que os cristãos devem cultivar na própria vida; trata-se daquelas qualidades e daquelas atitudes que no mundo inteiro são apreciadas e valorizadas. Tudo o que nos torna simpáticos, atraentes, amáveis, honrados, respeitados, enfim, pessoas decentes.

A recomendação de Paulo é muito importante porque existem cristãos que se julgam “santos”, que seguem todas as regras, até as mais minuciosas da religião, mas são antipáticos, intratáveis, resmungões.

 

Evangelho (Mt 21,33-43)

Mais uma parábola com o tema da vinha. Um senhor planta uma vinha, circunda-a com uma sebe, escava um lagar, constrói uma torre, confia-a a alguns vinhateiros e parte.

Chega o tempo da colheita, manda seus servos buscar os frutos e vem a surpresa: os agricultores não querem entregar o fruto da vinha. Porque? Talvez queiram guardar o fruto para si, ou quem sabe, nem trabalharam.

Hostilizam de diversas maneiras os enviados do dono e por fim os matam.

O Senhor tenta pela segunda vez: envia outros servos em maior número, mas o resultado é o mesmo.

Por fim, envia seu próprio filho. Os trabalhadores da vinha, porém, o expulsam também e o matam. Já tem certeza que podem se considerar donos do campo que lhes foi confiado.

Interpretação da parábola. O dono é o Senhor que manifestou muito zelo e um amor muito grande pela sua vinha (v.33).  Vinha é uma imagem usada com frequência no Antigo Testamento para indicar o povo de Deus. Os trabalhadores representam os chefes, os guias religiosos e políticos de Israel. Eles deveriam esforçar-se para que o povo produzisse frutos que o Senhor espera. Os frutos são as obras de amor em favor do próximo, a justiça social. Os dois grupos de enviados são os profetas que, antes e depois do exílio da Babilônia, foram enviados por Deus, sempre em maior número para exigir os compromissos da aliança. O Filho é Jesus.

Os vv.39,42-43 constituem a parte central da parábola; falam claramente da morte e ressurreição de Jesus.

Os vinhateiros prendem o Filho e o expulsam da vinha. É isso mesmo que os chefes de Israel fizeram com Jesus: julgaram-no indigno de pertencer ao povo,  excluíram-no e o mandaram matar fora da cidade. Consideraram-no como um leproso, uma pessoa impura, uma pedra para ser jogada fora. Deus, porém ao ressuscitá-lo, glorificou-o, constitui-o Senhor, pedra angular de um novo edifício.

O resultado final da intervenção do patrão é a custódia da vinha por outros trabalhadores. O privilégio de ser povo de Deus passou de Israel aos pagãos. Eles, garante Jesus, produzirão frutos.

O que nos ensina esta parábola?

Mateus a relata para explicar aos cristãos das suas comunidades o motivo pelo qual o povo de Deus é constituído basicamente por pagãos, já que os judeus não acreditaram em Cristo.

Este trecho, porém, não foi conservado no Evangelho para levar-nos a condenar a infidelidade dos judeus, mas para lembrar aos cristãos de todos os tempos que existe para todos o perigo de repetir o mesmo erro dos príncipes dos sacerdotes e dos guias espirituais do povo de Israel.

Cada um de nós deve considerar-se um operário da vinha. De nós são exigidos frutos: solidariedade, justiça social, compaixão, perdão, paz, serenidade. Se não soubermos produzi-los, seremos condenados como os agricultores da parábola. Não bastam devoções, ritos, solenes liturgias, feitas de palavras e de gestos desligados da vida.

 


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