NOSSA MISSÃO: PRODUZIR FRUTOS DE JUSTIÇA
E DIREITO
Primeira
leitura (Is 5,1-7).
Este texto é conhecido como o Poema da
vinha. No tempo de Jesus quase todas as famílias tinham uma vinha
(plantação de uvas). Alguns eram donos de grandes vinhedos.
Isaías faz de conta que é amigo de um agricultor
que tem uma vinha que ele aprecia muito, tanto assim que não fala de outra
coisa. Fez de tudo para obter uma produção abundante e de boa qualidade:
importou cepas nobres e vigorosas e escolheu a encontra de uma colina, batente
de sol, arrancou as ervas daninhas, recolheu as pedras, construiu uma torre de
proteção etc.
Mas eis que depois de dois anos, chegado o tempo da
primeira colheita, a grande decepção: o tão apreciado vinhedo produziu somente
uva ácida, amarga, intragável. Imaginem a gozação dos vizinhos...O
agricultor se enfurece e arrasa o seu vinhedo.
Interpretação do poema: o senhor é
Deus; as videiras selecionadas são os israelitas que o Senhor
foi buscar lá fora, no Egito; a terra fértil na qual este povo
foi plantado é a Palestina, as pedras que se encontravam no
campo e que foram removidas, eram os povos que ocupavam a Palestina antes da
chegada dos israelitas; a torre de proteção é a dinastia de
Davi.
Os frutos esperados eram: fidelidade à
aliança, justiça social, o amor ao pobre, à viúva; em vez disso:pecados,
infidelidade, opressão dos pobres, mentiras nos tribunais, práticas religiosas
formadas por cerimônias, e rituais de culto, não acompanhados pela conversão do
coração.
Também hoje há pessoas que demonstram terem uma fé
muito sólida. O que elas produzem, porém, tem somente a aparência das obras de
fé. Se forem examinadas atentamente descobre-se que outra coisa não são senão
ritualismo, exterioridade, futilidade, espetáculo...
Segunda leitura (Fp 4,6-9)
Paulo afirma nos versículos 6-7 que nada poderá
destruir a paz e a alegria de um cristão, nada pode lhe causar
angústia, se ele permanece unido a Deus na oração. Nos vvv.8-9 ele
apresenta uma lista de virtudes humanas que os cristãos devem
cultivar na própria vida; trata-se daquelas qualidades e
daquelas atitudes que no mundo inteiro são apreciadas
e valorizadas. Tudo o que nos torna simpáticos, atraentes, amáveis,
honrados, respeitados, enfim, pessoas decentes.
A recomendação de Paulo é muito importante porque
existem cristãos que se julgam “santos”, que seguem todas as regras, até as
mais minuciosas da religião, mas são antipáticos, intratáveis, resmungões.
Evangelho (Mt 21,33-43)
Mais uma parábola com o tema da vinha. Um senhor
planta uma vinha, circunda-a com uma sebe, escava um lagar, constrói uma torre,
confia-a a alguns vinhateiros e parte.
Chega o tempo da colheita, manda seus servos buscar
os frutos e vem a surpresa: os agricultores não querem entregar o fruto
da vinha. Porque? Talvez queiram guardar o fruto para si, ou quem
sabe, nem trabalharam.
Hostilizam de diversas maneiras os enviados do dono
e por fim os matam.
O Senhor tenta pela segunda vez: envia outros
servos em maior número, mas o resultado é o mesmo.
Por fim, envia seu próprio filho. Os trabalhadores
da vinha, porém, o expulsam também e o matam. Já tem certeza que podem se considerar
donos do campo que lhes foi confiado.
Interpretação da parábola. O dono é
o Senhor que manifestou muito zelo e um amor muito grande pela sua vinha
(v.33). Vinha é uma imagem usada com frequência no
Antigo Testamento para indicar o povo de Deus. Os trabalhadores representam
os chefes, os guias religiosos e políticos de Israel. Eles deveriam esforçar-se
para que o povo produzisse frutos que o Senhor espera. Os frutos são
as obras de amor em favor do próximo, a justiça social. Os dois grupos
de enviados são os profetas que, antes e depois do exílio da
Babilônia, foram enviados por Deus, sempre em maior número para exigir os
compromissos da aliança. O Filho é Jesus.
Os vv.39,42-43 constituem a parte central da
parábola; falam claramente da morte e ressurreição de Jesus.
Os vinhateiros prendem o Filho e o expulsam da
vinha. É isso mesmo que os chefes de Israel fizeram com Jesus: julgaram-no
indigno de pertencer ao povo, excluíram-no e o mandaram matar fora
da cidade. Consideraram-no como um leproso, uma pessoa impura, uma pedra para
ser jogada fora. Deus, porém ao ressuscitá-lo, glorificou-o, constitui-o
Senhor, pedra angular de um novo edifício.
O resultado final da intervenção do patrão é
a custódia da vinha por outros trabalhadores. O privilégio de ser
povo de Deus passou de Israel aos pagãos. Eles, garante Jesus, produzirão
frutos.
O que nos ensina esta parábola?
Mateus a relata para explicar aos cristãos das suas
comunidades o motivo pelo qual o povo de Deus é constituído basicamente por
pagãos, já que os judeus não acreditaram em Cristo.
Este trecho, porém, não foi conservado no Evangelho
para levar-nos a condenar a infidelidade dos judeus, mas para lembrar aos
cristãos de todos os tempos que existe para todos o perigo de repetir o mesmo
erro dos príncipes dos sacerdotes e dos guias espirituais do povo de Israel.
Cada um de nós deve
considerar-se um operário da vinha. De nós são exigidos frutos: solidariedade,
justiça social, compaixão, perdão, paz, serenidade. Se não soubermos
produzi-los, seremos condenados como os agricultores da parábola. Não bastam
devoções, ritos, solenes liturgias, feitas de palavras e de gestos desligados
da vida.
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