TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM





JESUS É A LUZ DO MUNDO
Primeira leitura (Is 8,23b-9,3).


Lá pelos anos de 700 a.C.,duas tribos do norte de Israel, Zabulon e Neftali viviam oprimidas pelo abuso militar e a exploração econômica dos assírios. Para eles, Isaías entrevê um sinal de esperança: vê brilhar uma luz com a expulsão dos assírios e o surgimento de um rei da dinastia de Davi: tratava-se de Ezequias.
Mas o tempo foi passando e a luz só apareceu 700 anos mais tarde sobre as montanhas da Galileia  com a pregação de Jesus que começou justamente a  partir da Galileia.

Segunda leitura (1Cor 1,10-13.17).

Quando Paulo escreve a primeira carta aos cristãos de Corinto está em Éfeso. Um dia chega a esta cidade um grupo de pessoas provenientes daquela comunidade (Corinto), lideradas pela família de Cloé. Estes, não sabem se contam ou não, mas enfim soltam a língua e contam tudo o que está acontecendo em Corinto, sem meias palavras. Escuta Paulo, lhe dizem, em Corinto as coisas vão muito mal: há discórdias e confusões que não acabam mais, surgiram partidos que se referem ao nome de um apóstolo(algum diz ser de Pedro, outros de Apolo, outros de Paulo). Nas celebrações eucarísticas cada grupo se coloca no seu canto e não se  interessa pelos demais; há invejas, críticas, murmurações...
Paulo fica indignado. O primeiro ponto que aborda é o da divisão e dos partidos. É o trecho que encontramos na leitura de hoje.
“Cristo por acaso está dividido? Por acaso Paulo foi crucificado por vós, ou foi em nome de Paulo que vós fostes batizados”?(v.13). Trata-se de palavras muito duras que revelam a gravidade da situação.
Qual era a causa das discórdias em Corinto? O egoísmo, o desejo de dominar, de se destacar, de impor a própria maneira de pensar aos demais.
Paulo diz aos cristãos de Corinto: os apóstolos não são os donos da Igreja, são unicamente servos; não são os salvadores, porque o salvador é um só, Cristo.
E nos nossos dias? Será tão difícil encontrar comunidades nas quais se repetem situações semelhantes às de Corinto? Se em todas as comunidades houvesse pessoas do tipo da família de Cloé que fossem visitar o bispo e contassem sem papas na língua, tudo o que acontece, creio que o pastor da diocese ouviria muitas coisas boas, mas às vezes teria que se arrancar os cabelos. O que fazer então? Desanimar? Não.
É melhor procurar as causas das divisões dentro das nossas comunidades: descobriremos que não são diferentes daquelas dos cristãos de Corinto.

Evangelho.( O Diretório Litúrgico deste domingo permite a escolha entre dois textos:Mt 4,12-23 e Mt 4,12-17). Escolho a segunda opção.

Após a conclusão da missão do Batista, Jesus muda de residência. Por mais de 30 anos viveu em Nazaré como carpinteiro, agora se desloca para Cafarnaum. Nesta cidade podem-se ainda hoje encontrar os restos da casa de Pedro, na qual, com muita probabilidade, Jesus foi hóspede por quase três anos.
Com o deslocamento para Cafarnaum e o começo da atividade pública  de Jesus, cumpre-se a profecia da primeira leitura de hoje: “O povo que estava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam na terra e na sombra da morte surgiu uma luz”(v.16).
A Galiléia não era  habitada  por judeus de raça pura. Os galileus eram desprezados pelos habitantes de Jerusalém, tinham pouca instrução, não conheciam muito bem a Lei, e não observavam as disposições emanadas pelos rabinos.
É justamente nesta terra semi-pagã, é na “Galiléia das nações”(v.15) que Jesus dá início à sua missão. Com esta escolha ele  nos mostra que a sua luz não está destinada somente aos judeus puros, mas também aos excluídos, aos que estão longe, e até são estes últimos que têm a precedência.

O último versículo nos apresenta a pregação de Jesus, resumida nestas breves palavras: “Convertei-vos porque o Reino de Deus está perto”(v.17). Converter-se não é “melhorar um pouco, rezar um pouco mais”, mas sim “mudar radicalmente a maneira de pensar e de agir”. Quem cultivou pensamentos de morte, deve abrir-se a escolhas de vida; quem praticou ações das trevas, deve dirigir-se para a luz.


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