SEXTO DOMINGO DO TEMO COMUM – ANO A





A JUSTIÇA QUE LEVA À VIDA


Primeira leitura (Eclo 15,16-21)

A primeira leitura fala que o homem é livre para decidir sobre o destino de sua vida: ou a vida ou a morte. É verdade que a  sua liberdade é muito condicionada por situações internas e externas. Se o homem não reagir sua liberdade não passa de 5%.
Através de Moisés Deus sinalizou o caminho por dez “sinais”(os dez mandamentos): quem obedecer à sinalização da estrada se salvará, quem escolher andar na contramão vai se danar. Deus é amigo do homem: os mandamentos não exigem sacrifícios e mortificações. Pelo contrário se destinam à alegria e à liberdade do homem e previnem contra a tentação de escolher o que é proibido o que é aparentemente mais agradável. (A escolha do proibido é uma espécie de  arquétipo que habita  o homem desde Adão e Eva).

Segunda leitura (1Cor 2,6-10)

Domingo  passado Paulo disse aos cristãos de Corinto que ele não se apresentou na cidade deles com uma sabedoria humana. Hoje ele continua dizendo que, também entre os cristãos, existe “uma sabedoria” que “não é desse mundo”. Pertence ao mundo de Deus e pode ser somente entendida pelos “cristãos adultos”.
Paulo se refere à  “sabedoria de Deus”,  outras vezes chamada de “mistério”escondido desde toda a eternidade e que agora foi  revelada em Jesus Cristo. A sua  obra admirável continua progredindo e ,no fim do mundo, todos poderão contemplá-la porque então  estará  completa.
Aquilo que Deus está fazendo ultrapassa todos os desejos e as esperanças dos homens, como Paulo diz na leitura de hoje: “Olhos  não viram, nem ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou aquilo que Deus preparou para aqueles que o amam”.

Evangelho (Mt  5,17-37)

A primeira parte do evangelho de hoje (vv.17-19) nos diz que Jesus não veio para destruir o Antigo Testamento: “não jugueis que eu tenha vindo para destruir a lei e aos profetas” (v.17).Verdade é que com seu comportamento livre e desenvolto, Jesus suscitou muito assombro e muitas perplexidades. Mostrou-se respeitador  das leis e instituições do seu povo, mas sempre  as interpretou e avaliou partindo do bem comum.
Por amor ao homem não hesitou em violar repetidamente as mais sagradas das prescrições: as  relativas ao sábado.
Há um segundo motivo que desconcerta os seus ouvintes: ele proclama bem-aventurados os pobres, os perseguidos, os oprimidos, anunciou para seus perseguidores dificuldades, sofrimentos e perseguições. Esta mensagem parece contrariar frontalmente as Escrituras.
O povo sempre interpretou as profecias  como um anúncio de vitória: um dia Israel dominará os seus inimigos.  Porque Jesus desilude todas  estas promessas?
Eis como ele esclarece  sua posição e as suas opções. As promessas feitas no Antigo Testamento, todas  elas se cumprirão,  nem uma sequer será esquecida, mas a forma como tudo se cumprirá será inesperada. Diante das promessas de Deus, até as pessoas mais piedosas, mais devotas, como o Batista, correrão o risco de ver sua fé vacilando e de ficar escandalizadas (Mt 11,6).
A segunda parte do evangelho (vv.20-37) apresenta quatro exemplos desta interpretação desconcertante por Jesus sobre o Antigo Testamento. Nada muda mas as implicações são mais profundas.
Todas tem a mesma introdução: “Vós ouvistes que Deus disse aos antigos...Agora eu vos digo...”
1.      “”Não matar”...(vv.21-26). Trata-se de uma disposição clara que não admite exceções e que condena qualquer homicídio. O homem não tem poder sobre a vida de um outro, Mesmo quando este é um criminoso.
Mas não é suficiente não tirar a vida física para poder afirmar ter observado este mandamento. Há situações nas quais uma pessoa continua caminhando neste mundo, mas na verdade já está morta: as pessoas às quais juramos não mais dirigir a palavra...aqueles que julgamos e condenamos para sempre...aqueles que difamamos...já morreram embora ainda respirem. Para melhor esclarecer a sua interpretação, serve-se de dois exemplos.
O Primeiro se refere ao costume dos israelitas que,  antes de entrar no templo para oferecer sacrifícios, deviam submeter-se a minuciosas purificações. Jesus diz que seus discípulos não devem mais se preocupar com estes ritos. Basta a pureza  do coração. A reconciliação com o irmão substitui para o cristão, todas  as purificações da lei antiga. O segundo exemplo insiste na necessidade de procurar a qualquer custo a reconciliação, sem a necessidade de recorrer a um tribunal.
2.      O problema do adultério. Os judeus pensavam que a Lei proibia somente as ações más. Para Jesus, só o desejo de possuir a mulher do próximo já é adultério.
Estamos num campo onde as pessoas facilmente se deixam  levar pelos próprios instintos e podem provocar sérios dissabores para si mesmos, para a própria família e para a dos outros. Por isto Jesus insiste: é preciso ter a coragem de cortar rente, embora isto provoque sofrimentos, antes que os maus desejos se transformem em adultérios de fato.
3.      O terceiro caso é o do divórcio. Jesus afirma que o plano de Deus é que o matrimonio é indissolúvel.
Isto, porém, não quer dizer  que as comunidades cristãs tenham  o direito de condenar, de humilhar, de isolar aqueles que falharam na própria vida conjugal. A comunidade é convocada a manifestar sempre, em relação a eles, a ternura e a compreensão do mestre.
4.      O quarto caso é o do julgamento. Entre os discípulos a única regra deve ser a da sinceridade. “Sim, quando é sim; não, quando é não”. O julgamento revela desconfiança recíproca e não tem sentido entre os cristãos. Para os antigos o juramento era a invocação dos castigos de Deus contra quem tivesse sido infiel à palavra empenhada. O cristão já não  acredita neste deus pagão que golpeia os homens com desgraças.



Comentários

  1. Mais do que máquinas precisamos de humanidade.
    Mais do que inteligência precisamos de afeição e doçura.
    Sem essas virtudes a vida será de violência e tudo estará perdido.(Chaplin)

    2 de jan. de 2020 - No relatório elaborado a partir de dados mundiais, a Worldeters indica que houve 43,3 milhões de abortos em todo o mundo, em 2019.

    "Não matar”...(vv.21-26). Trata-se de uma disposição clara que não admite exceções e que condena qualquer homicídio. O homem não tem poder sobre a vida de um outro, mesmo quando este é um criminoso. Agora, imagina um ser indefeso e inocente...é de arrepiar... Estamos nos afastando de Deus....

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