SÉTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A





PERFEITOS COMO O PAI PARA CUMPRIR A JUSTIÇA


Primeira leitura (Lev 19,1-2.17-18)

“Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”(v,2). Com este convite dirigido por Deus a seu povo, começa a leitura.
Para nós, santo é aquele que vive uma vida exemplar. Na Bíblia esta palavra tem um sentido mais amplo. Santos eram os templos. Por isso não se podia adentrá-los sem complicados ritos de purificação. Santos eram os objetos usados no culto. Santas eram as pessoas que levavam vida diferente das demais. O mais santo  de todos, naturalmente, é Deus. No Glória cantamos: “Só tu o Santo”.
De acordo com esta compreensão, os israelitas evitavam todo contato com pagãos.
Surpreendentemente há no próprio Levítico um texto onde a “santidade” é entendida de uma maneira bastante diferente. Nada de separações físicas de outros homens, nada de observâncias e de prescrições. Para ser santo é suficiente levar uma vida diferente, uma vida que se concretize nas seguintes prescrições: não odiar o próximo, renunciar ao rancor e à vingança, "amar o próximo como a si mesmos” (vv.17-18). Mas tinha um limite: “próximo” era só o membro do povo judeu.  Jesus, porém, mostrará que o próximo a ser amado é também o estranho, o pagão, o inimigo.

Segunda leitura ( 1 Cor 3,16-23)

Havia discórdias em Corinto porque os membros daquela comunidade não cultivavam sentimentos de amor recíproco, mas de inimizade.
Para descrever a gravidade da situação Paulo se serve da imagem do templo de Deus(vv.17-18). A comunidade é como uma construção sagrada  onde Deus mora:  os tijolos são os cristãos. A divisão é como uma bomba colocada na base deste edifício, é como uma colônia de cupins que ataca todas as madeiras de uma cabana destruindo-a em muito pouco tempo.
Na segunda parte da leitura Paulo retoma o tema do contraste entre a “sabedoria de Deus”  e aquela dos “homens”. Daí as discórdias.  Para Deus a sabedoria  e a esperteza dos homens são  loucura (v.19).

Evangelho (Mt 5,38-48)


Esta passagem continua a do domingo passado, onde foram apresentados os primeiros quatro contrastes entre a justiça antiga e a nova: “ouvistes o que foi dito aos antigos...eu, porém, vos digo”. Hoje é a vez do quinto e do sexto.
1.Uma nova maneira de praticar a nova justiça.” Ouvistes o que foi dito aos antigos: olho por olho, dente por dente” (Ex 21,23-25).
Esta norma nunca foi aplicada de forma literal. Esta lei tinha sido imposta para defender o réu das vinganças sem limites. O réu tinha que pagar não somente pelo próprio crime mas também pelos dos outros que não tinham sido descobertos. Os chamados “castigos exemplares” e as represálias eram uma forma de vingança já  proibida no  A.T. Neste sentido, o “olho por olho” já era um progresso. Não se pode cortar a mão de quem roubou uma galinha. A desproporção seria injusta!
Não obstante a nova norma, aliás já presente no Código de Hamurabi, Jesus quer que se avance além desta justiça e se enfrente o problema da violência de uma forma totalmente diferente (VV.38-42).
Ele apresenta 4 exemplos. O primeiro se refere à violência física: “Se  alguém te bate na face direita, oferece-lhe também a esquerda”.
O segundo exemplo: “Se alguém te leva ao tribunal para roubar-te a túnica (v.40), deixa-o levar também o manto”.
O terceiro exemplo é o abuso de poder. Alguns rabinos recomendavam o recurso à violência para proteger-se  de injustiças.
Jesus não entra nesse tipo de argumentação, não apela para a prudência: aos seus discípulos diz, com toda simplicidade: “Se alguém te obriga a percorrer uma milha, percorre duas” (v.41)
O quarto exemplo: “dá a quem te pede (um empréstimo) e não vires as costas a quem te  procura (v.42).
Pela lógica dos homens, as propostas de Jesus são autêntica loucura. Com certeza as palavras de Jesus não devem ser tomadas ao pé da letra (isto seria de fato cretinice). Ele também quando levou uma bofetada, não ofereceu a outra face, apenas protestou (Jo 18,23).
Jesus usa hipérboles para incutir nos seus discípulos numa linguagem radical a convicção de que a única maneira eficaz de interromper o ciclo demoníaco da violência é o perdão. Se à violência se contrapõe outra violência, não só não se  elimina a primeira injustiça mas  acrescenta-se outra. Esta maneira de agir é tão velha quanto a humanidade.
2.O último exemplo se refere ao mandamento:  “ama  o teu próximo, mas   odeia o teu inimigo” (vv.43-48). Jesus faz um pedido paradoxal: “Amai os vossos inimigos e rezai pelos vossos perseguidores para que possais ser filhos do vosso Pai celeste que faz surgir o sol sobre os maus e sobre os bons e envia chuva sobre os justos e também sobre os injustos” (vv.44-45). O Pai não faz distinção entre os homens, porque todos são seus filhos.









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