QUINTO DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A




ALIADOS DE DEUS PARA UM MUNDO NOVO


Primeira leitura (Is 58,7-10)

O jejum é uma prática religiosa conhecida por todos os povos. Também os judeus o praticavam para forçar Deus e as forças sobrenaturais a intervirem por ocasião de secas, granizo, enxame de gafanhotos etc. Como penitência,  o povo usava roupas rasgadas, jogava sobre o corpo pó e cinzas, andava descalço, dormia no chão... Tudo ilusão! “Porque jejuar se afinal o Senhor não nos escuta e não intervém?”.
O profeta explica porque este jejum é inútil. O verdadeiro jejum, aquele que agrada a Deus, consiste em “dividir o próprio pão com quem tem fome, em abrigar na própria casa quem não tem teto, em vestir  quem está nu” (v.7). Diz o profeta: Se jejuardes como eu vos ensinei,    “a vossa luz brilhará entre as trevas e a vossa escuridão será como a luz do meio-dia”(v.10).

Segunda Leitura (1Cor 1,26-31)

Neste trecho da carta aos Coríntios Paulo faz  a comparação entre a sabedoria humana e o poder de Deus e cita o exemplo de sua pessoa.  Sem  estar de posse da “sublimidade da linguagem e da sabedoria”, ele anuncia aos coríntios  uma mensagem estranha,  humanamente absurda, um homem condenado à morte.
Na segunda parte (vv.3-5)  passa a apresentar a si mesmo como  PREGADOR, um homem fraco, medroso, com pouca facilidade para se comunicar. Não obstante esta falta de recursos humanos, ele constata que o evangelho se difundiu muito em Corinto. Porque, explica ele, a Palavra de Deus é forte por si mesma e a sua penetração no coração dos homens não depende dos meios humanos.
Mas houve também alguma coisa visível que convenceu os coríntios: não se tratava de milagres, mas das obras de amor, da nova vida que a mensagem de Cristo foi capaz de suscitar. Esta mudança de vida podia ser constatada por todos em Corinto.
Esta leitura é um convite para nossa reflexão, hoje. Porque será que nossos belos discursos não provocam conversão  nos ouvintes? Não será porque faltam nas nossas comunidades aquelas obras de amor ao próximo, que são  os únicos sinais que comprovam a presença e a atividade do Espírito?

Evangelho (Mt 5,13-16)

O evangelho de hoje apresenta duas pequenas parábolas: a do sal e a da luz.
Na primeira (v.13) Jesus apresenta os seus discípulos como o sal da terra. Esta expressão tem muitos sentidos. O sal serve para dar sabor  aos alimentos. Por isso tornou-se também símbolo de “sabedoria”. Quando uma  conversa é sem graça, pouco agradável, dizemos que é “insossa, ou sem sal.
Neste sentido Jesus quer dizer que seus discípulos devem proferir discursos que dêem sabor à vida dos homens. Sem a sabedoria do Evangelho, que sentido teria a vida? Qual o sentido da existência: ter prazeres, diversões, dinheiro, e tantas coisas mais? Qual o sentido da alegria e da dor? O cristão é sal porque consegue dar sabedoria onde existe dor e semeia bondade onde existe ódio e rancor.
O sal serve também para conservar os  alimentos, para impedir que se estraguem.
O cristão é sal da terra também neste sentido. Com sua presença impede que a humanidade se corrompa, não permite que a sociedade, conduzida por princípios perversos, apodreça e descambe para a ruína.
Há uma afirmação um pouco estranha de Jesus que recomenda aos seus discípulos para “não perder o próprio sabor”. Ora, o sal não se corrompe, dizem os químicos, jamais perde o próprio sabor, permanece sempre sal.
Mas o perigo existe: por exemplo acrescentemos algumas colheradas de açucar a um quitute bem gostoso. O eu acontece? Torna-se intragável. O sal que foi colocado anteriormente no tempero, continua sal, mas a cretinice do cozinheiro conseguiu que ele perdesse o sabor.
O evangelho é como o sal: não perde o seu sabor, mas podem  aparecer certos pregadores tontos que estragam tudo, suavizando ou adocicando o evangelho para  torná-lo mais aceitável.
A segunda comparação é a da luz(vv.14-16). Jesus a explica através de duas figuras: a da cidade construída sobre um monte e que não pode ficar escondida e a da lâmpada que deve ser colocada num lugar elevado.
No “Sermão da montanha” encontramos uma frase que parece contradizer o que Jesus disse acima: “Não façais as vossas boas obras  diante dos homens, para serdes observados...
Explicando: a luz não existe para ser olhada diretamente, mas para iluminar os objetos. Se alguém fixa o olhar no sol ou numa lâmpada muito forte, o que enxerga? Nada, somente estraga a vista. Não se deve olhar para a luz, mas para as coisas iluminadas.
Os cristãos são luz, mas não  podem praticar  as boas obras para chamar a atenção para si, para serem  admirados e elogiados. Não é para eles que os homens devem olhar, mas para as boas ações que são praticadas.
Jesus ensina que os homens devem enxergar “as boas obras” (não os cristãos) e glorificar “o Pai” Através das obras de amor bem visíveis( não bastam as cerimônias bonitas, as longas orações e as boas intenções!. Os homens devem chegar à descoberta da mensagem de Cristo que lhes deu origem.)
Os cristãos, diz Jesus, têm por missão difundir a luz que ele trouxe ao mundo. Sua preocupação deve ser a de não escondê-la, de não ocultar  aquelas  partes de doutrina que causam um pouco de enfado, ou que parecem muito difíceis (por exemplo, a partilha dos bens, o perdão sem condições, o amor gratuito até ao inimigo, a renúncia total ao uso da violência.). Eles não devem preocupar-se em defender ou justificar o que o Evangelho diz, devem, sim, esforçar-se por praticá-lo.





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