JESUS PERTENCE AO PAI E AOS POBRES
Primeira leitura (Ml 3,1-4)
Segundo o profeta Malaquias
existem dois tipos de religião: a religião humana e a religião instituída por
Deus. A religião inventada pelo homem se empenha em captar a benevolência
divina a seu favor: distinguir-se com seus favores, obter suas bênçãos,
aplacá-lo para afastar os seus castigos. Procura “aparecer” diante de Deus.
Também Israel praticava no tempo
de Malaquias semelhante religião formalista: oferecer sacrifícios e incenso no
templo de Jerusalém, fazer jejuns, elevar aos céus cantos e orações. Era uma
religião baseada no medo e no interesse. Dizia Einstein: Se somos religiosos,
ou por medo ou por interesse, somos uns pobres coitados. Segundo os profetas, o
Senhor declarou que não é este o culto que lhe é agradável.
O Senhor promete enviar um mensageiro para purificar a religião de
Israel(v.3,1). Ele atuará como “ o fogo
do fundidor” e o “ sabão dos lavadeiros”. O fogo destrói as escórias e faz
aparecer, belos e reluzentes, os metais preciosos. Também o sabão purifica e limpa os tecidos e as
manchas das roupas.
Esta profecia cumpre-se com a
vinda de Jesus. Ele entrou no templo para purificá-lo: ele deu um “basta” à
religião dos ritos religiosos reduzidos simplesmente a práticas exteriores
e introduziu a única religião agradável
a Deus, a religião do coração e do amor às outras pessoas A religião que não
precisa de templos (Jo 4,21-24) pode ser praticada em qualquer lugar.
As nossas igrejas ainda tem
sentido? Jesus anulou todos os ritos? As nossas práticas religiosas são
inúteis?
Jesus eliminou para sempre a
religião inventada pelos homens, aquela que não é expressão de fé e de entrega
a Deus e que se reduz a gestos quase mágicos (situação muito comum entre os católicos...).
Mas instituiu o seu rito religioso, a Eucaristia, para exprimir a plena adesão
a ele e a sua proposta de vida.
Talvez a nossa prática religiosa
tenha ainda necessidade de uma purificação pelo fogo e pelo acrisolamento. O
pão eucarístico, partido e partilhado
nas nossas comunidades, nem sempre é sinal da nossa vida doada generosamente ao próximo. Com frequência ainda se reduz a
um simples rito que não transforma o
nosso coração: saímos da igreja como entramos..
Segunda leitura (Hb 2, 14-18)
Existem médicos que nos tratam
friamente como profissionais, e outros que além da doença nos tratam como
pessoas. São como “sacerdotes da vida”.
De modo semelhante agiu o Filho
de Deus que não somente apontou as nossas
falhas, mas tornou-se em tudo semelhante a nós, e, exatamente por ter
sido posto à prova e ter sofrido pessoalmente, está em condições de vir em
socorro daqueles que estão sendo provados(vv.17-18). Passou primeiramente
através da morte e mostrou que a morte não é uma queda no nada, nem o fim de
tudo, mas o nascimento para uma vida
nova com Deus, uma entrada na condição bem-aventurada dos ressuscitados. Dessa
maneira libertou-nos do pavor da morte (vv.14-15), pavor que nos torna escravos, apegados aos bens,
mesquinhos, incapazes de amar e de doar a própria vida.
Evangelho (Lc 2,22-40)
A Lei judaica prescrevia que
todos os primogênitos, tanto os dos
homens quanto os dos animais, seriam oferecidos ao Senhor (Ex 13,1-16). No
entanto como as crianças não podiam ser sacrificadas, era preciso serem
resgatadas: por isso os pais levavam aos sacerdotes do templo um animal puro
que fosse imolado no lugar do filho. Os ricos ofereciam um cordeiro, os pobres
ofereciam dois pombinhos ou rolinhas. Os pais de Jesus submetem-se a essa
disposição, mas como eram pobres não tinham condições de oferecer um cordeiro.
Esta primeira parte do evangelho de hoje contém um ensinamento muito
importante para nós e para nossas famílias. É claro que os pais se empenham em
proporcionar aos filhos educação, instrução, trabalho e boa posição social. Mas
isto não é suficiente. Precisam também consagrar seus filhos ao Senhor desde o
inicio de suas vidas. Mas não se trata
de submetê-los a cerimônias particulares, a ritos prescritos, mas de educá-los
para uma vida cristã fiel e coerente com tudo aquilo que está escrito no Evangelho. Educar para a fé é
muito mais que ensinar práticas religiosas: significa introduzir nos corações
dos filhos o amor pelo “caminho” do amor e da doação de si mesmos.
A segunda parte constitui o centro do evangelho de hoje. Nela é
apresentado Simeão, um ancião que faz um gesto muito significativo: toma o
menino dos braços dos pais e o oferece a todos os homens. Simeão é o símbolo de
todo o povo de Israel que há tantos séculos espera o Messias . Ele mostra que Jesus não pertence somente a
seu povo. Diz :ele está destinado a trazer a salvação a todos os ´povos e a ser
luz para todas as nações(vv.30-32).
Simeão é um idoso exemplar. Em
vez de ficar lastimando a juventude que já passou, seu olhar está voltado para
o futuro ansiando por ver o Messias. “Agora podeis deixar ir vosso servo em paz
porque meus olhos viram a salvação de Deus.”
A Maria Simeão diz: “uma espada
transpassará tua alma”. Não é o anúncio do drama de Maria aos pés da cruz. Não
é isso. A mãe de Jesus é aqui entendida como símbolo de Israel. Na bíblia esse
povo é apresentado como uma mulher, como uma mãe que Deus torna fecunda,
concebe, dá à luz e oferece ao mundo o seu filho, o Salvador.
A terceira parte apresenta outra
pessoa idosa: a profetisa Ana. Tem oitenta e quatro anos e este número que é o resultado de 7 X 12 tem um significado
simbólico: 7 indica a perfeição ao passo que 12 representa o povo de Israel.
Ana, é, portanto, Israel que juntamente com o cumprimento de sua missão,
apresenta ao mundo o esperado Messias.
Essa profetisa pertence à tribo
de Aser, a menor, a mais insignificante de todas as tribos de Israel. Se Lucas
salienta que Ana pertence a essa tribo é para mostrar, uma vez mais, que os
pobres são os primeiros a reconhecer em
Jesus o Salvador.
Mas que linda homilia! Parabéns padre José! E que Deus nos ajude a educar os filhos na fé:Educar para a fé é muito mais que ensinar práticas religiosas: significa introduzir nos corações dos filhos o amor pelo “caminho” do amor e da doação de si mesmos.
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