FAMILIA HUMANA,
FAMILIA DE DEUS
Primeira leitura(Eclo 3,3-7.14-17ª)
O livro de Sirac ou Eclesiástico é um livro do Antigo
Testamento que contém muitos conselhos valiosos e úteis para todas as situações
da vida. Ensina o modo como administrar o dinheiro, quais as relações a serem
mantidas com os patrões, como comportar-se com os amigos, com os hóspedes, com
as mulheres, com os empregados, com os discípulos.
Boa parte do livro é
dedicada à vida familiar: Aos deveres do marido e da esposa, aos deveres dos
filhos com os pais e vice-versa.
No tempo de Jesus o livro de Sirac era usado pelos mestres
das escolas para educar os alunos; também os cristãos o apreciavam muito, a
ponto de, depois dos salmos, ser o livro mais lido de todo o Antigo Testamento.
Falando dos deveres dos filhos em relação aos pais, o texto
diz que devem “honrá-los”, a ponto dos pais terem orgulho dos seus filhos.
O texto insiste muito sobre os cuidados dos filhos em relação
aos pais idosos que podem vir a sofrer de demência ou Alzheimer.
O texto promete as bênçãos de Deus para os filhos dóceis e
respeitosos. Claro está que os pais devem levar uma vida tal que mereçam a
obediência e o respeito dos filhos que, por sua vez jamais devem ser motivo de
vergonha para seus pais.
Segunda leitura (Cl 3, 12-21)
A roupa é importante na nossa vida: é como o prolongamento do
nosso corpo: revela nossos gostos e nossos sentimentos. Segundo Paulo, os
cristãos devem vestir-se com roupa bonita, elegante, agradável aos olhos de
todos. Que roupa é esta? Revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de
bondade, de humildade, de mansidão, de ´paciência, de tolerância, de perdão
recíproco (vv.12-13) e sobretudo , de caridade.
Na segunda parte da leitura (vv.18-21) Paulo recomenda às
mulheres que sejam submissas aos seus maridos . É preciso levar em conta que
Paulo vivia numa sociedade patriarcal(ou machista) e que na carta aos Efésios
Paulo diz que os maridos devem amar as suas mulheres como Cristo amou a Igreja
e se entregou por ela...Assim sendo, as mulheres não tem porque reclamar!
Os últimos versículos contém algumas recomendações
condensadas: obedeçam os filhos aos pais, mas estes não exasperem os filhos com
atitudes egoístas, exaltadas e irritantes.
O casamento é união entre dois iguais onde deve reinar o
diálogo e a cooperação em tudo.
Evangelho Lc 2,22-40)
A lei judaica prescrevia que todos os primogênitos, quer homens,
quer animais(machos), deviam ser oferecidos ao Senhor (Ex. 13,1-16). Sendo,
porém que os meninos não podiam ser sacrificados: por isso os pais levavam aos
sacerdotes, no templo, um animal puro para que fosse imolado no lugar do filho.
Os ricos ofereciam um cordeiro, os pobres duas pombas ou rolas.
Os pais de Jesus se submetem a essa prescrição e Lucas não
perde a oportunidade de observar que a família de Nazaré pertence à classe dos
pobres. Esse é um tema muito especial para o nosso evangelista; há, porém, um
outro que, na narrativa deste dia é repetido exatamente cinco vezes
(vv.22.23.24.27.29): a observância escrupulosa por parte da Sagrada Família de
todas as prescrições da Lei do Senhor.
Desde os primeiros anos de sua vida Jesus cumpriu fielmente
toda a vontade do Pai, vontade que se encontra revelada nas escrituras.
Esta primeira parte do evangelho contém um ensinamento
importante para nós e para nossas famílias.
Os pais se preocupam, por razões justas, em dar uma boa
educação, instrução, profissão e uma
posição elevada para os próprios filhos, mas isto não é suficiente.
Tem eles uma outra missão, muito mais importante para ser
cumprida: devem “consagrar” os seus filhos a Deus, desde o começo de suas
vidas. Mas não se trata tanto de incutir neles a observância de ritos, como
passar para eles as virtudes humanas e cristãs, tais como respeito,
solidariedade, partilha, generosidade, perdão, misericórdia, mansidão,
compaixão, ambição sem ganância.
Sabemos que as crianças aprendem mais com os olhos do que com
os ouvidos. A vida cristã dos pais é a melhor escola para catequizar os filhos:
oração à mesa, participação na vida da
comunidade, diálogo entre os pais, o perdão.
A segunda parte (vv.25-35)constitui io centro do evangelho
deste dia: o velho Simeão cumpre um gesto muito significativo: toma o menino dos braços dos pais e o oferece a
todos os homens.
Simeão (que é o símbolo de todo o povo de Israel, que há
tantos séculos esperava o Messias) mostra que Jesus já não pertence mais
somente ao seu povo. Ele afirma: este menino está destinado a levar a salvação
a todos os povos e a ser luz para todas as nações (vv.30-32).
Simeão é um ancião exemplar. Não fica se lamentando dos anos
de juventude, não deplora tanta maldade que enxerga ao seu redor, dialoga com
Deus e dirige o seu olhar para o futuro. Sua vida termina feliz porque viu o
Messias.
A profecia de Simeão apresenta Jesus também como sinal de
contradição (vv.34-35). Perante Jesus todos são obrigados a definir-se pelo sim
ou pelo não.
A figura da espada que transpassará a alma de Maria aos pés
da cruz foi interpretada algumas vezes
como um anúncio do drama de Maria aos pés da cruz. mas não é assim. A mãe de
Jesus é entendida aqui como símbolo de Israel. Este povo, diz Simeão, diante do
Messias que lhe foi enviado por Deus deverá fazer uma escolha e será dividido
em duas partes com grande sofrimento, como que cortado ao meio por uma espada.
A terceira parte (vv.36-38) apresenta outra pessoa idosa,
Ana, também ela representante de Israel, Ana pertencia ao grupo dos pobres,
feliz porque encontrou o Messias.
Na sua vida teve um único amor: viveu depois no luto da sua
viuvez, até o dia em que reconheceu em Jesus o seu Senhor. Alegrou-se, e então,
de novo como a esposa que reencontra o seu esposo.
A última parte do evangelho (vv.39-40) nos induz a refletir
sobre a educação recebida por Jesus em Nazaré. Ele cresceu como todos os demais
meninos do seu vilarejo. Mesmo sendo Deus, aceitou plenamente a condição humana
e compartilhou, desde a sua infância, de
todas as experiências dos homens.
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