1º DE JANEIRO – SOLENIDADE DA MÃE DE DEUS


MARIA, MÃE DO PRÍNCIPE DA PAZ


Primeira leitura (Nm 6,22-27)

O Ano Novo começa com o tema da bênção. O quer dizer “abençoar”? É a manifestação de um desejo, de um voto, para que aconteçam coisas boas na vida de alguém. Se pronunciadas por um  sacerdote, assim acreditavam os antigos e muitos cristãos de hoje, a bênção teria uma força mágica, produziria  os benefícios ou malefícios desejados. Nada disso. Os cristãos terão os mesmos problemas e as  mesmas dificuldades que os outros homens. Entretanto receberão ajuda para enfrentá-los através da nova luz que procede de sua fé.
Deus é o grande parceiro do ser humano pois ele vai ao encontro do seu povo com a bênção que é sinônimo de vida, liberdade, fecundidade e paz.
O nosso texto inicia e conclui com o verbo “abençoar”(v. 23.27). Portanto, a ideia que domina o texto é essa palavra. Ela traduz  a presença de Deus no meio do seu povo, dando êxitos e esperanças por liberdade e vida. É uma presença constante.
Mostrando o seu rosto, Javé comunica a plenitude dos bens, sintetizados na paz, na felicidade completa. Para o povo do deserto ou do exílio, a paz era a posse da terra, dos bens, da liberdade e dignidade, e a possibilidade de ter uma família. Só assim Javé se sentirá satisfeito, vendo o ser humano, feito  à sua imagem e semelhança, livre e feliz. É como disse Santo Irineu: “A glória de Deus é o ser humano vivo... e a vida do ser humano é a visão de Deus. E então seu nome estará sobre o povo (v.27). O nome de Deus é sua própria identidade. Deus se encontra quando vê seu povo feliz, livre e em paz. Sintetizando, podemos dizer que o texto expressa o modo pelo qual  Deus se sente profundamente solidário com seu povo que busca vida, liberdade e paz.

Segunda leitura(Gl 4,4-7)

Jesus ensinou que Deus é Pai. Segundo Mt 5,43-45 Jesus afirma que a bondade do Criador e os seus benefícios são destinados a todos os homens. Por isso todos, também os pagãos, chamavam e chamam a Deus: “Pai de todos os homens”. Então porque Paulo afirma, comovido, que agora o cristão não é mais escravo, mas filho e pode gritar “Abbá,Pai”(v.6).
É verdade: Deus é Pai de todos os homens. Mas o sentido que os cristãos dão a este nome é completamente diferente.  Só eles podem rezar o “ Pai Nosso” com propriedade porque no Batismo receberam o Espírito de Jesus que os torna  irmãos de Jesus e filhos  em sentido próprio.

Evangelho(Lc 2,16-21

O evangelho deste dia é a continuação do evangelho da noite do Natal. Junto do berço de Jesus estão pastores, os primeiros a visitar Jesus. Não vêem  nada de extraordinário. Encontram somente um menino, com seu pai e sua mãe. Mas naquele ser fraco, necessitado de ajuda e proteção, eles reconhecem o Salvador.
Para alimentar a nossa fé, nós buscamos com frequência sinais extraordinários, queremos ver milagres, queremos assistir a  “aparições”, aguardamos manifestações prodigiosas de Deus. A verdadeira fé não precisa destas frágeis escoras. Jesus chamou esta gente de “geração perversa”(Lc 11,29).
Discípulo é aquele que,, diante da mensagem de Deus que ressoa no evangelho, sente-se provocado, responde com um “sim” e não procura outras provas além da  Palavra porque nela reconhece a voz do Pai que o chama para a salvação.
Nos  primeiros capítulos do seu Evangelho, Lucas  destaca com frequência, o espanto e a alegria irreprimíveis das pessoas que se sentem envolvidas no projeto de Deus. Isabel ao saber que estava grávida, vai repetindo a todos: “ Eis o que operou em mim o Senhor”(Lc 1,25); Simeão e a profetiza Ana começam a louvar a Deus que  lhes concedeu  ver a salvação preparada para todos os povos(Lc 2,30.38). Maria e José também ficam deslumbrados, pasmos (Lc 2,33.48).
A reação de Maria diante da  visita os pastores merece destaque. O evangelho diz que ela “conservava todas estas coisas, meditando-as em seu coração”(v.19). O evangelho quer ensinar que Maria sabe ver em tudo o que acontece o projeto de Deus.
Durante estas festas do tempo do Natal a palavra que mais ouvimos certamente foi: “paz”. Maria nos é apresentada como aquela que gerou o príncipe da paz.
Nós sabemos que, junto com o leite , as mães infundem a primeira educação aos filhos. Sabemos que os  ensinamentos recebidos das mães jamais serão esquecidos, porque são transmitidos com amor e delicadeza, com beijos, carícias e palavras doces. Todas as mães devem ter plena consciência  que é da maior importância tudo o que fazem, tudo o que dizem, tudo o que ensinam aos filhos. Estes, antes mesmo de falar, já estão aprendendo dos seus gestos, dos seus sorrisos, dos seus olhares.

As mães cristãs  devem estar conscientes que depende sobretudo delas a presença no mundo de homens que queiram ser construtores da paz.


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