QUARTO DOMINGO DO ADVENTO – ANO A




DEUS ESTÁ CONOSCO!


Primeira leitura(Is 7,10-14)

Estamos no ano 734 a.C.. O rei de Judá é Acaz da dinastia de Davi à qual foi prometida uma duração eterna (2Sm 7,14-16). O rei está desconcertado porque seus inimigos decidiram eliminá-lo e destruir sua família. Acaz, consciente da fraqueza do seu exército, pede ajuda a uma nação muito poderosa, a Assíria.
Ao saber disso, Isaías intervém e previne Acaz contra  o perigo desta aliança. Os assírios não são muito confiáveis: são pagãos e materialistas, tem uma vida corrupta... com certeza colocarão em risco a fé e a pureza religiosa do povo de Deus. Isaías aconselha a Acaz confiar em Deus e não na Assíria. Acaz é realista e não acredita num Deus intervencionista. Isaías então lhe dá um sinal: “Eis que a virgem (em hebraico: jovem mulher)conceberá e dará à luz um filho que se chamará Emanuel”(v.14).
A virgem a quem se refere Isaías não é Maria mas a jovem mulher de Acaz que dará à luz um filho através do qual a dinastia de Davi  se prolongará. O filho será Ezequias que foi um bom rei e se tornou o sinal da presença  de Deus no meio do povo (“Emanuel). Mas não foi tudo o que se esperava do Messias. Com isto a promessa foi adiada e Mateus interpreta o nascimento de Jesus da Virgem Maria como sua plena realização, duzentos e sessenta anos mais tarde.
A Assíria de fato interveio, mas a guerra acabou como Isaías havia previsto: Acaz foi humilhado e teve que pagar pesados tributos.

Segunda leitura (Rm 1,1-7

Paulo começa a carta aos romanos com uma longa introdução. Ele se apresenta como apóstolo, como arauto do evangelho e como servo de Jesus. Os arautos eram os encarregados de percorrer o país inteiro para anunciar, em nome do imperador, uma mensagem de alegria.
Paulo se orgulha por ter sido escolhido por Deus para levar a boa nova da ressurreição de Cristo a todos os  homens.
A mensagem que as nossas comunidades cristãs transmitem traz de fato alegria às pessoas que a escutam? Temos, nós pelo menos,  a convicção de que o Evangelho é motivo de alegria?

Evangelho (Mt 1,18-24)

Segundo um  gênero literário antigo, homens importantes, nasceram de uma forma extraordinária. Alguns exemplos: Isaac, Sansão, Samuel, João Batista eram filhos de mães estéreis: Cesar Augusto era considerado filho de Apolo, Alexandre Magno, filho de Zeus, etc. E Jesus era filho de Deus concebido por obra do Espírito Santo segundo Mateus. Segundo a interpretação literal do texto de Mateus feita pela Igreja, Jesus não teve um pai humano. Mais adiante falaremos do sentido bíblico da virgindade.
No povo de Israel o casamento acontecia em duas etapas. A primeira consistia num contrato assinado pelos dois esposos, pelos pais e por duas testemunhas. Após a assinatura o rapaz e a moça eram marido e mulher, mas ainda não iam morar juntos. Em geral decorreria ainda um ano durante o qual  eles não podiam se encontrar.
Este intervalo servia para que as duas famílias pudessem se conhecer melhor e para que os esposos adquirissem um pouco de maturidade, visto que, naquele tempo, casavam-se bem jovens ainda (12-13 anos para a moça; 15-16 para o rapaz... e esta devia ser a idade de Maria e José).
Decorrido um ano de espera, dava-se uma grande festa, a esposa era conduzida à casa do marido e os dois começavam a vida juntos. Durante esse período de espera aconteceu a anunciação a Maria e sua gravidez por obra do Espírito Santo.
O que aconteceu depois entre Maria e José suscita muitas perguntas, difíceis de responder. Aliás, Mateus não estava interessado em satisfazer as nossas curiosidades. O único objetivo que lhe interessava era que entendêssemos que o filho de Maria era o herdeiro do trono de Davi, prometido pelos profetas. Ele é realmente o “Emanuel”, o “Deus conosco”. O termo “Emanuel” é muito caro a Mateus, por isso ele termina o seu evangelho: “Eis que estou convosco(eu sou o “Emanuel”) todos os dias até o fim do mundo.”
Sentido bíblico de virgindade. Para nós, ao menos para muitos de nós...”virgem” quer dizer admirável, digna de consideração, enquanto na Bíblia quer dizer exatamente o contrário. Digna de louvor em Israel era a mulher casada que tinha filhos; a “virgem” era aquela que nada valia, que não fora capaz de atrair sobre si o olhar de um homem, era uma árvore seca, digna somente de compaixão (Is 56,3-6).
Este termo é usado em sentido pejorativo: a expressão “virgem Sion”,não quer dizer: “Jerusalém pura, imaculada, sem mancha”, mas “pobre, desprezada sem vida”(Jer31-4; 14,13). Também Babilônia, a sanguinária, é amaldiçoada pelo profeta: “serás  reduzida a cinzas, virgem Babilônia”.
E Maria? Ela fala de si como se ela fosse a “virgem Sion”, desprezada e sem valor (“olhou para a baixeza e pobreza de sua serva”) e reconhece que tudo o que aconteceu nela  é obra do “Poderoso” que nela operou grandes coisas (Lc 1,48-49).
Maria Virgem é a prova da grandeza e da força do amor de Deus, o único com o poder de fazer brotar a vida de um útero estéril.
Neste tempo  do Advento, Maria virgem nos convida a admirar o que o Senhor operou nela e a acreditar na vitória da vida também onde nós somente enxergamos sinais de morte.




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