EXIGÊNCIAS DO SER
CRISTÃO
Primeira leitura (Sb 9,13-18)
O livro da Sabedoria é o último
livro do Antigo testamento. O seu autor é um homem muito culto versado em muitas
disciplinas como aritmética, física,
astronomia, o comportamento dos animais, a agricultura , as ervas para curar as
doenças etc. (Sb 7,16-21). Estas
questões são, sem dúvida importantes, mas não são tudo, nem o principal. Que
valor tem o sucesso na vida, a riqueza, o prestígio social, a política, o amor,
a sexualidade, a honestidade...
Para decidir sobre estas questões
não bastam os conhecimentos aprendidos na escola, é preciso “sabedoria”!, a luz
que vem de Deus. Sem esta luz não conseguimos seguir pelo caminho certo; porque os pensamentos dos
homens são quase sempre fracos, inconsistentes e inseguros.
Segunda Leitura (Fm 9b-10.12.17)
Passando pela província da Ásia,
Paulo fez amizade com um jovem e rico comerciante, chamado Filêmon, que tinha
uma casa grande e muitos funcionários, entre eles um tal de Onésimo. Este,
muito malandro, deu um golpe de mestre em Filêmeon, roubando-lhe uma boa
quantidade de dinheiro.
Paulo estava preso em Roma. Por coincidência,
Onésimo acabou na mesma prisão de Paulo.
Onésimo acabou contando a Paulo a arte
que fizera. Paulo irritado desabafou: O que fez com Filêmon! Este é o meu melhor amigo.
Companheiro na prisão,
Paulo fala a Onésimo do Senhor Jesus e, depois de alguns meses, Onésimo
pede para ser batizado. Quando sai da cadeia gostaria de voltar ao antigo
patrão, mas não tem coragem. O apóstolo então lhe entrega uma carta de
apresentação ao seu amigo e para toda a comunidade. Esta é a origem desta breve e maravilhosa “Carta a Filêmon”
que hoje nos é proposta. O apóstolo
recomenda que Onésimo seja bem recebido, como se fosse seu filho(v.10) como seu
próprio coração (v.12), como um irmão muito querido (v.16).
Onésimo recebeu o perdão de
Filêmon que o mandou de volta a Roma para prestar alguma ajuda a Paulo que
continuava na prisão. Conta-se que
muitos anos depois, Onésimo se tornou bispo de Éfeso.
Evangelho (Lc 14,25-33)
Quando vemos as nossas grandes e
magníficas igrejas lotadas, ou as praças apinhadas de gente por ocasião da
visita do papa, sentimo-nos envaidecidos. Jesus, ao contrário, diante dos
“grandes números”, das “multidões incontáveis” fica preocupado. Descreve os
discípulos como “um pequeno rebanho”(Lc 12,32), como um “pouco de sal”(Mt
5,13), ou “de fermento” (Mt 13,33), como um “ grão de mostarda”(Mt 13,31).
Voltando-se, Jesus começa a
explicar quais são os compromissos para quem escolhe segui-lo como seu
discípulo.
E quanto a nós, será que os que
participam com entusiasmo das nossas solenes celebrações litúrgicas, da nossas
procissões, das nossas romarias, estão realmente conscientes dos compromissos
que a fé cristã envolve?
Enquanto nós temos receio de
perder alguns simpatizantes, Jesus se preocupa com o contrário: prefere
qualidade em vez de quantidade.
Jesus impõe três condições
para segui-lo: a primeira é saber “odiar”: atitude dura e difícil de
entender, sobretudo se nos lembramos que Jesus mandou amar até os inimigos.
Jesus com certeza, não tem a intenção de falar de “ódio”, mas de decisões
firmes, quando necessárias para manter a fidelidade ao evangelho. “Odiar” neste
caso, significa, na realidade, romper até com os lações mais íntimos, quando
estes constituem um impedimento para o amor.
A segunda exigência é o dom da
vida. “Quem não carregar a sua cruz e
não me seguir não pode ser meu discípulo” (v.27). Esta frase muitas vezes é
interpretada como um apelo para suportar com paciência as contrariedades, os
grandes e pequenos sofrimentos da vida, a exigência de mortificação, de
sacrifício. É verdade, porém, que o amor ao próximo exige renúncias e até
sacrifícios heroicos. Carregar a cruz, porém, significa seguir o caminho de
Jesus e empenhar-se para que ninguém mais seja crucificado, porque Deus não
ama o sofrimento.
Antes de falar da terceira
exigência, Jesus conta duas pequenas parábolas.
A primeira, fala de um homem que, querendo proteger suas colheitas dos ladrões
e dos animais decide construir uma torre no seu campo para colocar sentinelas.
Não começa os trabalhos sem antes ter calculado se dispõe dos recursos
necessários para terminar a obra.(vv.28-30)
A segunda parábola conta a
história de um rei que quer declarar uma guerra. Ele também senta e
calcula o poderio do seu exército(vv.31-32).
O ensinamento das parábolas é
claro: quem escuta a mensagem do Evangelho não deve iludir-se, pensando que
já se tornou discípulo de Cristo; não se deixa levar por um entusiasmo
momentâneo: pare e pense com calma e avalia se está em condições de perseverar.
A terceira condição: renunciar a
tudo; “assim, pois, qualquer um de vós que não renuncie a tudo o que possui não
pode ser meu discípulo “ (v.33). Como será possível cumprir esta exigência?
Tem sido excogitada uma solução bastante simplória: a
divisão dos homens em duas categorias: de um lado “os perfeitos”(religiosos,
padres e freiras) que fazem o voto de pobreza: e, de outro lado os “simples
cristãos” que podem ficar com tudo o que possuem(cristãos imperfeitos). Mas com
isto se evita o despojamento total dos bens exigida por Jesus. É claro que nem
todos podem ser como S.Francisco. Este santo é uma utopia, um ideal que a
Igreja não pode deixar morrer. Se todos forem como S.
Francisco, o mundo pára.
As propostas concretas neste
campo não são fáceis. A primeira comunidade cristã tentou responder a uma proposta mas não deu certo. Depois de algum tempo faltaram os suprimentos. O
ideal seria uma sociedade igualitária como nas aldeias no tempo de Jesus onde
os bens eram trocados e não havia acúmulo: O excedente era distribuído entre os
que precisavam. Mas numa sociedade regida pelo capitalismo liberal isto é
impossível. Cabe aos discípulos de Jesus repartir o supérfluo.
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