O USO DOS BENS EM VISTA DA
FRATERNIDADE
Primeira leitura(Am 8,4-7)
Uma primeira palavra a respeito
do contexto histórico. Após a morte de Salomão (+ ou – 960 a.C.) as tribos de
Israel se dividiram em dois grupos: as
dez tribos do norte formaram o que passou a se chamar o “Reino de Israel”; as
duas tribos do sul constituíram o Reino de Judá.
Por volta de 750 a.C. o rei
Jeroboão II governava o Reino do Norte.
Político competente promoveu um verdadeiro “milagre econômico”, inclusive a
religião ia bem: os templos estavam apinhados de peregrinos que vinham rezar e
oferecer sacrifícios.
Na mesma época vivia Amós,
profeta como todos: místico e político. Era do sul, perto de Belém. Lúcido e
inspirado por Deus criticou a prosperidade do reino do norte que favorecia
somente a camada mais abastada da nação, enquanto os pobres da terra eram
explorados e sofriam todo tipo de
opressão por parte dos ricos (cf.Am
5,7-13;21-27; 6,1-7).
A leitura de hoje nos apresenta
as denúncias e as ameaças deste profeta contra alguns dos responsáveis pela
opressão: são os comerciantes, os atravessadores, que compram os produtos das
lavouras dos pobres e os revendem a outros, ainda mais pobres, a preços
extorsivos. Evidentemente, Amós foi mal recebido e até expulso do Reino do
Norte.
Mas o que Deus tem a ver com as
transações comerciais, as trapaças e os enganos?
Na última parte da leitura
(vv.7-8) Amós responde a esta pergunta. Diante das injustiças cometidas pelos
comerciantes, diante dos pobres que gritam de dor, o Senhor fica indignado e
faz um juramento que faz tremer de medo: “Não esquecerei jamais nenhum dos teus
atos”
Ainda hoje há no mundo situações
semelhantes àquelas denunciadas por Amós.
Segunda leitura (1Tm 2,1-8)
A oração da comunidade é
“universal”: é dirigida a Deus pelos bons e pelos maus, pelos amigos e pelos
inimigos. Nesta maneira de rezar se manifestam do sentimento do Pai que está
nos céus, “ o qual deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao
conhecimento da verdade”(v. 4).
O trecho termina com uma exortação: “Quero,
pois, que os homens orem em todo lugar, levantando as mãos puras, superando todo o ódio e ressentimento” (v.8). O cristão
não pode rezar com as mãos impuras, quer dizer, com as mãos que prejudicaram o
próximo (cf. Mt 5,23-25).
Por quem rezamos nós: só pelos
nossos problemas, só pelas necessidades de nossa família e dos nossos amigos?
Se rezamos de maneira egoísta, não abrimos o nosso coração ao amor de Deus que
abraça a todos.
Nesta parábola trata-se de um
problema de administração. Na
Palestina daquela época,o administrador
tinha o direito de conceder empréstimos com os bens do seu patrão. E como não
era remunerado, ele se indenizava aumentando, no recibo, a importância dos
empréstimos. Assim , na hora do reembolso, ficava com a diferença como um
acréscimo que era o seu juro. No
presente caso, ele não havia emprestado, na realidade, senão cinquenta barris de óleo e oitenta medidas de trigo.
Colocando no recibo a quantia real, ele
estava apenas se privando do benefício, para dizer a verdade, usurário, que
havia subtraído. Sua “desonestidade”(v.8), não consiste, pois, na redução dos
recibos, o que não é senão um sacrifício de seus interesses imediatos, manobra
hábil que o patrão pode louvar, mas antes nas malversações anteriores que
motivaram a sua demissão.
A usura do administrador que
exigia comissões exagerados levava o patrão à perda da clientela. Esse fator,
associado à denúncia de desonestidade provocou a demissão do administrador.
Mas o administrador era
inteligente. Sem o cargo ele ficaria na rua. Para evitar este“desastre”, ele
abriu mão de todos os seus lucros. Com isto ganhou um elogio do patrão, o que
não evitou a sua demissão por causa das trapassas anteriores. Desistindo de
todo lucro, faz amigos. Ou seja, trocou o dinheiro por amizade.
Os versículos 9-13 falam da viagem
de Jesus a Jerusalém, durante a qual os discípulos precisam decidir. Eles se
encontram numa encruzilhada: urge optar, desprendendo-se, `semelhança do
administrador infiel que “jogou tudo”. Essa opção implica:
- desprendimento: o administrador, na iminência de perder o cargo, desfaz-se do ilícito e do
lícito. Assim devem ser os “filhos da luz”: “Qualquer um de vocês que não
renunciar a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo”.
-partilha o administrador privou-se do que era próprio, para
beneficiar outros. Seu dinheiro “injusto”(Jesus o chama assim porque as
fortunas encobrem, na maioria dos casos, uma injustiça social) é agora empregado na construção da fraternidade.
Opção fundamental: o discípulo que não é
desprendido, não sabe partilhar, não é digno de confiança, é incapaz de
decidir por Jesus. Ficar em cima do muro é já não pertencer a Deus.
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