Décimo Quinto Domingo do Tempo Comum – Ano C



O AMOR QUE NOS TORNA PRÓXIMO DOS OUTROS
 Primeira leitura (Dt 30,10-14)
Como conhecer a vontade de Deus? Os cristãos tem um guia seguro: O evangelho. Dedicam-se à sua leitura, meditam-no, rezam e nestes momentos de reflexão Deus lhes revela o seu projeto e sua vontade.
O Deuteronômio nos aponta outro caminho para descobrir a vontade de Deus: está na boca e no coração de cada um. O Deus quer de nós é a mesma coisa que o nosso coração solicita. A lei de Deus nasce da própria natureza humana.
Segunda leitura (Cl 1,15-20)
Paulo está preso em Roma. Da Ásia Menor chega a Roma um grande apóstolo chamado Epafras com notícias alarmantes sobre os colossenses que estão se deixando seduzir por estranhas doutrinas sobre espíritos que governam o universo e que são dotados de uma força misteriosa que pode influenciar a vida inteira das pessoas superando até o Cristo.
Paulo responde entoando um hino a Cristo que celebra a primazia de Cristo obre toda a criação, porque ele foi o primeiro a vencer a morte e abrir para todos o caminho para Deus. Este submeteu ao poder de Cristo os Tronos, as Dominações, os Principados, as Potestades (estes eram os nomes com os quais os colossenses designavam os misteriosos espíritos que lhes incutiam tanto pavor.
Os cristãos de nossas comunidades continuam tendo problemas semelhantes aos dos cristãos colossenses. Não venceram o medo dos espíritos maus. Há ainda muitos que acreditam em superstições, em tabus, em feitiços, e trabalhos, e por isso recorrem a rituais mágicos.
Evangelho (Lc 10,25-27)
Os judeus não se davam com os samaritanos. Na verdade tinham muitas razões para considerá-los excomungados, porque tinham contaminado a religião nacional com cultos pagãos; viviam na impureza. Também Jesus, respondendo à samaritana, diz sem hesitação: vós não conheceis que Deus adorais (Jo 4,21). Há dois domingos atrás, o evangelho nos recordava o desacato praticado pelos samaritanos contra Jesus e os apóstolos (LC 9,53).
Certo dia um doutor da Lei pergunta a Jesus: o que devo fazer para conseguir a vida eterna? Jesus, por sua vez, pergunta: O que está escrito na Lei?
 O doutor da Lei responde: “Amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças (Dt 6,5); o segundo, sobre o qual se insistia menos, é extraído do livro do Levítico: e o próximo    como  a mesmo (Lv 19,18).Jesus: resposta perfeita: 10/10.  Jesus, porém, depois do elogio, acrescenta logo em seguida: “faze isto e viverás”. “Faze”! Conhecer não é suficiente.
O doutor da Lei tem mais uma dúvida: “Quem é meu próximo”? Discutia-se entre os rabinos quem deveria ser considerado próximo. Segundo alguns, só os filhos de Abraão, segundo outros, também os estrangeiros que estivessem residindo há muito tempo na terra de Israel. Todos, porém, concordavam em afirmar que os povos distantes, e principalmente os inimigos, não deveriam ser considerados “próximo”.
Para dirimir dúvida Jesus conta uma parábola. “Um homem descia de Jerusalém para Jericó” caiu nas mãos dos salteadores que o despojaram, e depois de o terem maltratado, com muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o meio morto.
Casualmente, desciam pelo mesmo caminho um sacerdote e um levita (os levitas eram sacristães do templo). Eram, portanto dois judeus, pessoas boas, que rezavam muito e tinham conhecimentos sólidos sobre Deus e sobre a religião. Viram..., mas passaram adiante, do outro lado da estrada. Talvez estivessem com medo de serem atacados também, talvez estivessem preocupados com a pureza ritual: não era permitido aproximar-se de cadáveres, talvez tinham uma celebração a fazer, talvez, quem sabe..., mas o motivo principal é que a falsa religião que eles praticavam tinha endurecido seus corações.
Eis que aparece um segundo candidato para o exame prático: um samaritano: um herege. Atenção, porém: não um “bom samaritano”, como muitas bíblias registram, mas simplesmente um samaritano. Estava viajando, tinha seus planos. O evangelho descreve com uma série de verbos o que ele faz quando passa perto do homem ferido: “viu-o, moveu-se de compaixão, aproximou-se, atou-lhe as feridas, derramando nelas azeite e vinho, em seguida colocou-o sobre a sua própria montaria, levou-o a uma hospedaria e tratou dele” (vv. 33-34). Diante da necessidade de um homem ele sente no coração o sentimento de Deus: a compaixão. E daquele momento em diante ele não segue mais a cabeça, mas o coração; esquece seus negócios, seus compromissos, as prescrições religiosas, o seu cansaço, a fome, o medo; toma providências imediatas, sem parar, até a solução final do caso.
Então Jesus pergunta ao doutor da Lei: “quem te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? (v. 36). “vai e faze tu o mesmo” (v.37). “Faze de quem está perto de ti o teu próximo” e terás como herança a vida!
 A resposta da parábola é clara: aquele que sabe tudo a respeito de Deus, mas não ama o próximo, é reprovado.  É impossível amar a Deus sem amar o próximo.

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