DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C
O MESSIAS E SEUS SEGUIDORES
Primeira leitura ( Zc 12,10-11)
O texto fala de um homem justo e inocente que foi ferido até
a morte e nos dá a entender que os responsáveis por este crime foram os
habitantes de Jerusalém. Mas, afinal, todos se arrependeram pela maldade
praticada e contemplaram aquele que
tinham transpassado.
Nada sabemos sobre este fato dramático, senão que o
evangelista João identificou este misterioso personagem como sendo figura de
Jesus (Jo ‘9,37). Quando os
responsáveis se dão conta do mal praticado, então choram. Mas é tarde demais.
Também em nossos dias acontece que os justos e promotores da
paz e da fraternidade são perseguidos. Mas quando são reconhecidos como tais,
já é tarde demais.
Segunda leitura (Gl 26-29)
Como identificar os batizados. Pelas vestes? Não. A veste de
que fala o apóstolo é a própria pessoa de Jesus (v,37). Na carta aos
colossenses encontramos a explicação clara daquilo que ele quer ensinar. Vós
batizados, diz Paulo, “vos despistes do homem velho com seus vícios e vos
revestistes do novo ( Cl 3,9-10).
Os cristãos são aqueles que se despojaram das suas roupas
velhas, sujas e esfarrapadas que os cobriam: a embriaguez, os adultérios, os
furtos, os ódios, as vinganças... e se revestiram da pessoa de Jesus”. Todos devem reconhecer no próximo a pessoa de
Jesus. Paulo continua afirmando que esta “veste” confere a todos os que a usam
o mesmo valor e a mesma dignidade(v. 28)
independente de classe social, de nacionalidade e de sexo.
Evangelho (Lc 9,18-24)
Se excluirmos as décadas dos reinados
de Davi e Salomão, Israel nunca desempenhou um papel importante na cena
política internacional da antiguidade. Daí a promessa dos profetas de um
Messias vitorioso, guerreiro forte e vitorioso como Salomão
1.A primeira parte do texto (vv.18s)
começa apresentando Jesus em oração.
Lucas costuma apresentar Jesus em oração antes de um ensinamento com um
significado extraordinário. Em seguida pergunta aos discípulos “Quem dizem que
eu sou”. Os discípulos, surpresos, respondem: “ Uns dizem que és João Batista,
outros, Elias, outros pensam que ressuscitou alguns dos antigos profetas”.
Eis o que Jesus é para o povo : um precursor. Porque não o Messias?
Porque não tem nada do grande rei vencedor e glorioso que estão esperando.
Portanto, é um precursor e nada mais.
Muitos homens do nosso tempo ainda
estão estagnados neste primeiro estágio: admitem que Jesus foi um grande homem
que pregou o amor, a fraternidade, a paz, se empenhou pelos pobres e excluídos,
foi corajoso e coerente, mas que os verdadeiros messias são de outro tipo:
políticos grandes e ricos que comandam exércitos poderosos, donos de
multinacionais etc.
No fundo também os cristãos que
consideram Jesus como um operador de milagres, ao qual se possa recorrer para
obter graças e favores, consideram Jesus
apenas como um precursor. Crêem que a ciência resolverá os grandes problemas do mundo: as doenças, a
fome e a própria morte, e Jesus será dispensado.
2.A segunda pergunta: “ E vós quem
dizeis que eu sou”? Pedro responde em
nome de todos: “Tu és o Messias de Deus”. Jesus o elogia mas ao mesmo tempo o
repreende porque as palavras estavam certas mas o conteúdo estava errado. Pedro
ainda pensava que Jesus seria um grande vencedor. Por isso pede silêncio a
Pedro, porque a messianidade de Jesus passaria pela morte e ninguém podia
entender isto, por enquanto.
3. “É necessário que o Filho do homem
padeça muitas coisas. É necessário que
seja levado à morte e que ressuscite ao terceiro dia”. Como entender : “é
necessário”? Vontade do Pai? não. O Pai não é carrasco ou sádico. Vontade de Jesus? Também não. Jesus nunca foi masoquista: nunca
entendeu sua morte como uma satisfação pela honra ofendida do Pai. A “necessidade”
é a lógica da história humana: quem luta contra as forças de morte (anciãos,
sumos-sacerdotes e escribas) tem que pagar o preço. Jesus deu testemunho do
Reino de Deus até o fim, por isso foi sacrificado. A morte de Jesus foi obra
dos homens. Deus não ama o sofrimento. Jesus nos salvou não pelo sofrimento mas
pela obediência.
4. Uma exortação destinada aos discípulos de todos os tempos: “Se alguém
quer me seguir, renegue a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. O mestre nos
coloca diante de uma escolha. Não pede que façamos algum sacrifício mais do que
os outros ou procuremos sofrimentos, mas exige que não nos deixemos mais guiar
pela busca do nosso próprio conforto, pede que não coloquemos a nós mesmos no
centro das nossas reocupações. É isto o que significa perder a própria vida.
A cruz que Jesus pede não é
sofrimento mas a fidelidade à sua doutrina e o altruísmo.
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