QUINTO DOMINGO DA PÁSCOA – AN0 C



              IDEAL DO CRISTÃO: AMAR COMO JESUS

Primeira leitura (At 14,21b-27)
O presente texto relata a primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé enviados para a missão pela comunidade de Antioquia. Fundaram diversas comunidades e nomearam em cada uma um grupo de anciãos (presbíteros). A vida cristã não pode ser concebida de forma individualista, por isso os apóstolos sentem a necessidade de fundar em todos os lugares “centros de fraternidade”, dirigidos por “anciãos” (presbíteros), pessoas que hoje chamamos de ministros: da Eucaristia, do anúncio da Palavra, da Catequese, da preparação para o batismo, dos funerais, da liturgia...
O trabalho missionário não se encerra na hora do batismo, quando as pessoas abraçam a fé. É preciso que os fiéis se tornem uma “comunidade” na qual cada um se sinta um membro vivo, dinâmico, corresponsável.

Segunda leitura (Ap 21,1-5a)
Em nenhum dia de sua vida uma mulher aparece tão encantadora, tão maravilhosa, tão atraente como no dia do seu casamento. É jovem, no seu rosto não há nem manchas nem rugas; provoca a admiração em todos.
Nos dias de hoje, observando as nossas comunidades, poderíamos compará-las a esposas? Talvez não! Muitas são velhas, decrépitas, fracas, sem vitalidade, doentes, cheias de achaques e de dores. Bem diferentes das lindas jovens que todos olham com agrado!
Mas devemos desanimar por causa disso? De modo algum. Esta passagem do apocalipse nos transmite uma mensagem de alegria e de esperança. Descreve o encerramento da história da humanidade. A Igreja se tornará esplendorosa “como uma esposa ornada para o esposo” (v.2); todos os males do mundo desaparecerão: um novo céu e uma nova terra serão criados. Deus “enxugará toda lágrima e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição” (v.4)

Evangelho (Jo 13,31-33a.34-35)
Quem é “glorificado” e enaltecido neste mundo? São os que conquistam vitórias, derrotam seus inimigos, alcançam o poder, acumulam riquezas, possuem palácios, carros.... Esta é a glória dos homens. Mas qual é a de Deus?
Os primeiros versículos do Evangelho dizem que para Jesus chegou a hora da sua plena glorificação: a da sua morte na cruz. Que glória estranha: porque não desceu da cruz, não usou o seu poder para esmagar os seus inimigos? Mas este seria o caminho dos homens para vencer. Jesus, pelo contrário, vence quando “perde”, é glorificado não quando aniquila quem o odeia, mas quando muda o seu coração, quando faz sorrir quem chora, quando devolve a esperança para quem sabe que fez tudo errado na vida. Por isso a hora da sua maior glória é a cruz, pois foi lá que manifestou todo o seu amor.
A passagem continua com a apresentação, por parte de Jesus, do mandamento novo. Surpreendentemente chama os discípulos de “Filhinhos”. É que o contexto é a última Ceia. Jesus sabe que lhe restam poucas horas de vida. Por isso quer deixar um “Testamento”. Da mesma forma que os filhos consideram sagradas as palavras que o pai lhes diz antes da morte, também Jesus quer que os seus discípulos não esqueçam nunca as palavras que está para lhes dirigir: Eis o Testamento: “Dou-vos um novo mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado!”.
O mandamento, portanto é um dom: “Eu vos dou”. Não tinha nada melhor para dar, por exemplo, o poder de fazer milagres? O mandamento, por acaso não é uma imposição? Não. Na verdade é um presente: é o caminho que conduz à felicidade, aqui e agora.
Acontece que o Levítico já tinha dito: “ama o próximo como a ti mesmo” (19,18). Onde está então a novidade? No v.14: “como eu vos tenho amado, assim também amai-vos uns aos outros”.  Segundo Jesus não se ama uma pessoa porque merece, mas porque precisa do nosso amor para ser feliz. Ele amou os pobres, os doentes os marginalizados, os malvados, os seus próprios algozes porque só amando-os poderia conseguir que superassem a própria condição de miséria e de pecado.
Jesus conclui o seu testamento, afirmando: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros (v.15). Sabemos que não são os frutos que dão vida à árvore; contudo, são sinais de que a árvore está viva. Não são as boas obras que tornam cristãs as nossas comunidades mas são estas obras que atestam se as nossas comunidades são vivificadas pelo Espírito do Ressuscitado.




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