RECONCILIAÇÃO:
MATURIDADE DOS FILHOS DE DEUS
Primeira leitura (Js 5,9.10-12)
Guiados por Moisés e protegidos pelo Senhor, os israelitas
saíram do Egito, atravessaram o mar Vermelho e o deserto e acamparam em Gálgala
na planície de Jericó. Finalmente estavam livres e podiam tomar posse de uma
terra fértil, de onde tirar o sustento. Para manifestar a própria alegria e a
gratidão, os israelitas celebraram de novo a Páscoa, como tinham feito seus
pais na noite da saída do Egito.
Como os hebreus festejaram em Gálgala a própria libertação,
nós também celebramos, na Eucaristia, a salvação que obtivemos. Como o maná
alimentou os que estavam a caminho da terra prometida, da mesma forma nós nos
saciamos na Eucaristia enquanto vamos ao encontro do Senhor que nos espera.
Segunda leitura (2Cor 5,17-21)
O tema desta passagem é a “reconciliação”. Esta palavra não
significa só “entrar em acordo de novo”, “acabar com a inimizade”, “purificar-se
dos próprios pecados”, implica também o nascimento de uma criatura
completamente nova.
A “reconciliação” com Deus não é o resultado da boa vontade
e dos esforços do homem, mas é obra de Deus. É ele que toma a iniciativa de
restabelecer a paz. (v.19). Cabe ao homem apenas permitir que a sua mente e o
seu coração se abram para o dom que lhe é oferecido.
Assim sendo Paulo dirige aos cristãos de Corinto esta vibrante
exortação: “Deixai-vos reconciliar com Deus!”. Abri o vosso coração para a
mensagem que ele vos dirige através da minha palavra! É Deus mesmo que vos
exorta através da minha palavra!
Evangelho (Lc 15,1-3.11-32)
O capítulo 15 é o coração do Evangelho de Lucas. Melhor do qualquer
teólogo, Lucas revela o ser de Deus através das palavras e ações de Jesus.
O que provocou as parábolas do capítulo 15 de Lucas foi a
crítica dos fariseus e doutores da Lei que contestavam a solidariedade de Jesus
com os marginalizados inclusive as refeições com eles, implicando a
contaminação e má fama... Jesus responde dizendo que age assim em nome do Pai.
O Pai é Deus que manifesta o seu amor na prática de Jesus; o
filho mais velho é Israel, os que se julgam “irrepreensíveis” por praticar os
mandamentos. Entre eles, na primeira fila estão os fariseus e os doutores da
Lei; o filho mais novo são os marginalizados, pecadores, cobradores de impostos
e os pagãos convertidos.
O texto pode ser dividido em quatro partes.
1.O Pai e o filho mais
novo (v.12). O filho mais novo, num
gesto ousado, contrariando as regras o jogo, pede sua parte de herança. O pai não reage e consente, dando a entender
que para ele os filhos são iguais e tem os mesmos direitos.
2.O filho mais novo.
Longe dos cuidados paternos, a vida do filho se torna extremamente ambígua.
Está pagando o preço de sua imaturidade. Estranho em terra estranha, passa a
viver a condição de servo: deixa de
ser filho para ser escravo. Sua condição é extremamente
humilhante, pois cuida de porcos( animais impuros para os judeus) e quer
dividir com eles um bocado de comida (v. 16).Atingindo o fundo da humilhação,
planeja a possibilidade de retorno: seu discurso de apresentação constará de
três partes: reconhecimento do pecado;
reconhecimento da perda da filiação; pedido para ser admitido como servo(v.18-19).
3.O pai e o filho mais novo (vv.20-24). Vendo-o ainda longe, o pai encheu-se de compaixão. É a compaixão de
Deus para com o sofrimento e a humilhação humanos. O pai não aceita o discurso
de apresentação, e sobretudo evita que faça o pedido de ser tratado como servo. Imediatamente os servos são chamados para vestir o filho, pôr lhe um anel e o fazê-lo calçar sandálias. Por fim, manda matar o boi de engorda, pois a
data era extremamente importante: ele
havia recuperado o filho. Trata-se de uma verdadeira ressurreição. Por duas vezes o filho dissera “Vou-me levantar”, e o
pai por duas vezes, o havia considerado morto (vv.24-32)
4. O pai e o filho mais velho. Até aqui parecia um bom filho. Mas suas
declarações o condenam: não quer se reconciliar, não quer aderir ao projeto do
Pai. Ele diz: “Há tantos anos que te sirvo” (v.29). Em outras palavras, não
pauta sua vida no relacionamento pai-filho, mas no de patrão-servo; até agora
ele se comportou como um dos empregados do v.22. É ainda mais radical em
relação ao irmão mais novo: calunia-o de ter devorado os bens do pai com prostitutas v.30) e não admite chamá-lo
de irmão, limita-se a dizer “esse teu filho”. O pai tenta suscitar a
reconciliação: “Meu filho...esse teu irmão
estava morto e voltou a viver”(v.32-32).
O verdadeiro pai quer autênticos filhos, e essa autenticidade requer a
reconciliação, custe o que custar.
De fato, o filho mais velho está numa situação tão deplorável quanto a do filho mais novo, pois não consegue se ver como parte do pai. Não está em comunhão com o Pai. É ressentido e não sabe nada sobre o amor. Parabéns padre José!!
ResponderExcluirEdlamar