A RELIGIÃO DE QUEM DÁ SEM MEDIDA
Primeira leitura (1Rs 17.10-16)
Os habitantes de Canaã adoravam Baal,
o deus que enviava a chuva e dava prosperidade à terra proporcionando
abundantes colheitas, animais férteis, riqueza, prosperidade. O Profeta Elias,
para acabar com esta ilusão rogou uma prega: durante três anos não cairia uma
gota de água sobre Israel. Dito e feito. Descoberto, Elias foi jurado de morte
pelo rei Acab e sua esposa Jezabel que passaram a persegui-lo para matá-lo.
Elias teve que fugir e na fuga encontrou
uma viúva à qual pediu um pouco de água e também um pedaço de pão. A viúva
respondeu: só tenho um pouco de farinha e um pouco de óleo. Estou catando uns
gravetos de lenha para fazer um pão para mim e meu filho e depois morrer. Elias
lhe promete que nem a farinha, nem o óleo acabariam se ela atendesse a ao seu
pedido. E Assim aconteceu.
Dessa narrativa podemos extrair dois
ensinamentos> Inicialmente o fato põe em destaque a compaixão de Deus pelos
pobres. Para Israel, como para todos os povos antigos (e ambém os evangélicos
de hoje) a riqueza material era considerada como uma bênção de Deus. Bastava
agir corretamente. Os profetas mostraram que muitas vezes a riqueza não era
resultado da proteção de Deus, mas fruto de roubos, injustiças e exploração dos
pobres. Teve início desta forma a conscientização de que as preferências de
Deus não eram pelos ricos, mas pelos mais fracos pelos estrangeiros pelos
órfãos e pelas viúvas.
Segundo Ensinamento: Deus abençoa os
que partilham os seus próprios bens. A generosidade da viúva que oferece tudo o
que possui a quem necessita mais do que ela, é a causa da multiplicação do
alimento. O egoísmo é que provoca a fome, a nudez, a miséria.
Segunda Leitura (Hb. 9,24-28)
“Sacerdote” no NT não se refere aos
padres, mas a Jesus Cristo e a todos os cristãos que junto com ele oferecem
sacrifícios espirituais.
Jesus Cristo é o único verdadeiro
sacerdote. Os sacerdotes antigos ofereciam animais e frutos da terra a não a si
mesmos e por isso o sacrifício deles não tinha o poder e expiar o pecado. O mal
não era curado pela raiz, os homens continuavam sendo maus e necessitando do
rito de expiação. Jesus, ao invés, ofereceu, um só e perfeito sacrifício, não
derramando o sangue de animais, mas doando seu próprio e, com o seu gesto de
amor, destruiu definitivamente o pecado (vv. 25-27)
Evangelho (Mt 12,38-44)
O evangelho de hoje se divide em duas
partes. A primeira (vv.12-18) nos apresenta o julgamento de Jesus sobre as
pessoas mais respeitáveis da sociedade judaica do seu tempo: Os escribas. A
segunda (vv.41-44) contém o exemplo de um comportamento oposto: o gesto de uma
viúva.
O contraste entre as duas cenas é
total. Na primeira, Jesus põe as pessoas em guarda contra os escribas do templo
A religião deles é falsa: utilizam-na para buscar sua própria glória e explorar
os mais fracos. Não se deve admirá-los nem seguir seu exemplo. Na segunda Jesus
observa o gesto de uma pobre viúva e chama os seus discípulos. Desta mulher
eles podem aprender algo que os escribas nunca lhes ensinarão: uma confiança
total em Deus e uma generosidade sem limites.
A crítica de Jesus é dura: em vez de
orientar o povo para Deus buscando sua glória eles atraem a atenção para si
buscando sua própria honra. Gostam de “andar com roupas compridas” buscando
saudações e reverências das pessoas.
Mas existe algo que, sem dúvida,
incomoda mais a Jesus do que este comportamento insensato e pueril de ser
contemplados saudados e reverenciados. Enquanto aparentam uma piedade profunda
em suas “longas orações” em público, aproveitam de seu prestígio religioso para
viver às custas das viúvas. Abusavam da ingenuidade dessas mulheres indefesas
para surripiar-lhes as esmolas ou então cobravam muito caro pelos seus serviços
como advogados quando eram chamados para defendê-las no tribunal. Há ainda uma
terceira crítica de Jesus: “Dão a aparência de rezar longas orações” (v40).
Isso é o cúmulo! Além de serrem exploradores descarados, os escribas são além
do mais comediantes, exibem-se em práticas religiosas impecáveis. Protendem dar
provas de uma grande piedade e, desta forma, induzem todos a pensar que Deus
está do lado deles.
Em contradição aos escribas e às
pessoas que dominam a sociedade, a segunda parte do evangelho (vv.41-44)
apresenta um exemplo de religiosidade autêntica. Uma pobre viúva que liberta o
seu coração dos bens desse mundo e doa tudo o que tem.
Para compreender a importância desse
episódio é preciso lembrar que esta viúva não tinha conhecido Jesus, não ouviu
os seus ensinamentos, nem respondeu a u chamado, não se tornou uma sua
seguidora. Não o acompanhou como fizeram os Doze e muitas outras mulheres que
ficaram a seu lado durante os três anos de vida pública (cf. Lc 8,1-3). Ela
representa todos aqueles que, também em nossos dias, mesmo não tendo lido uma
única página do evangelho, tem uma vivência evangélica.
A primeira lição, a mais simples e
imediata, é a humildade: a viúva merece o elogio de Jesus porque cumpriu o seu
gesto sem despertar a atenção de ninguém, sem querer aparecer. Esta, porém, não
é a mensagem principal da passagem.
Ao contrário do jovem rico (cf. 4º
domingo passado)0, doa tudo o que tem. Doa duas moedas de bronze. Poderia ter
guardado uma para si, mas não age assim oferece tudo o que tem. Cumpre a
condição indispensável para se tornar
discípulo: renuncia a tudo.
É muito oportuno lembrar o que disse
Sant Agostinho: “ O pobres são os nossos mestres”-
A segunda lição é a mais importante:
a viúva que oferece tudo é uma imagem de Deus, é uma imagem de Jesus Cristo que
como diz S. Paulo, “sendo rico se fez pobre” (2Cor 8,9)
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