Decimo Oitavo Domingo do Tempo Comum – Ano B



A VIDA QUE DEUS DÁ É DESAFIO, DOM E CONQUISTA

Primeira leitura (Lv 16,1-4.12-15)
O caminho do povo hebreu do Egito para a terra prometida era longo e árduo. Era o caminho da escravidão para a liberdade. A certa altura do caminho, o povo reclamou com Moisés: “Você nos trouxe para este deserto para morrer de fome? Antes tivéssemos ficado no Egito onde tinha comida à vontade”.
Deus vem em socorro do povo e manda o maná e codornizes para alimentar o povo
Deus vem em socorro do povo e manda o maná e as codornizes. O povo não queria lutar pela liberdade. A liberdade custa. É preferível ser escravo de barriga cheia...
O fenômeno das codornizes se referia à migração destas aves, que esgotadas pela longa viagem costumam descansar no deserto do Sinai e se tornam presas fáceis dos beduínos. Até mesmo o maná de que se alimentaram os israelitas no deserto não foi uma milagrosa chuva de um alimento muito saboroso caído do céu, mas uma substância muito “natural”: uma espécie de pingo de açúcar que goteja de um arbusto que ainda hoje em nossos dias cresce no deserto do Sinai.  Para quem estava morto de fome o maná “caiu do céu”; era um pão do céu”.
Era algo natural e ao mesmo temo dom de Deus. Além de ser alimento para o corpo era também uma prova: Os israelitas não podiam acumular alimentos para o dia seguinte, deviam limitar-se ao “pão de cada dia”, deviam mostrar confiança no amor providencial de seu Deus.  Daí a expressão: “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra da boca de Deus.”
Nós também sentimos muita “fome” na nossa vida: fome de pão, mas também de liberdade, de amor, de paz, de fraternidade, de respeito de estima, de felicidade. Temos nós a convicção de que esta fome só pode ser saciada “por toda palavra que sai da boca de Deus”.   Ou confiamos mais nos projetos econômicos?...

Segunda leitura (Ef 4.17.20-24)
Como a primeira, também a segunda carta aos efésios continua dando conselhos aos neo-batizados que devem renunciar aos costumes pagãos que praticavam antes do batismo: a dissolução, a avidez e as baixezas de quem se deixa seduzir pelas paixões enganadoras. O neo-batizado é como um homem novo que renuncia aos vícios do homem velho.

Evangelho (Jo 6,24-35)
A multiplicação dos pães fez de Jesus um herói. Infelizmente o povo não entendeu “O sinal”, tanto assim que no dia seguinte vieram procurá-lo para que repetisse o milagre e não precisariam mais trabalhar.  Aí estava o equívoco: Jesus não viera para abolir o trabalho para produzir o pão, mas para ensinar que o amor e a partilha produzem pão em abundância. Se houver partilha, haverá pão para todos (cf. evangelho do domingo anterior.) (No mundo há mais gente que morre por excesso de comida do que por falta).
Muitos ainda praticam a religião na secreta esperança de conseguir alguma graça ou até mesmo algum milagre extraordinário.  Continuam achando que Deus ajuda os que se mantém fiéis a certas práticas e a certas devoções e julgam que Deus os poupe das desventuras, que conceda colheitas fartas, sorte no emprego e boa saúde aos que acreditam nele.
Acontece, com frequência, porém, que estes fiéis de  “fachada” logo se dão conta de que a sua fé não os ajuda a  atingir os objetivos materiais que tinham prefixado para si esmos e então tiram a conclusão que a religião não serve  para nada, que é melhor passar por aquelas seitas que com seus ritos mágicos, com a evocação dos mortos conseguem curar doenças, encontrar um emprego bem remunerado e superar os exames com brilhantismo.
E nós, somos como os judeus que procuram Jesus para ganhar o “alimento que perece”, ou como a samaritana que não entendia que o mestre lhe oferecia uma água diferente daquela do poço? Nem os judeus, nem a samaritana entenderam o “sinal”; ficaram no nível material.
Jesus esclarece: “Eu sou o pão da vida: quem vem a mim não terá mais fome, quem crê e mim não terá mais sede”.
A bíblia empega frequentemente as imagens da fome e da sede para indicar a necessidade de Deus. Muitas vezes o homem busca a felicidade nas coisas materiais (prazeres, festas, viagens, bebida, sexo...), mas no fim sempre é obrigado a admitir que continua insatisfeito. O único pão que sacia a sua necessidade de felicidade e de paz é a palavra de Cristo. O seu evangelho e não o maná do deserto é o “pão descido do céu”).
Para que a sua palavra possa comunicar salvação é necessário que ela não fique reduzida a um texto para se lido ou analisado com todo o esmero como se procede com as doutrinas dos sábios antigos. A lógica de Cristo deve ser assimilada como o pão que se torna parte do organismo da pessoa que o ingeriu.

Comentários

  1. Linda homilia. Penso mesmo que até hoje, ainda não entendemos o sentido da palavra esclarecedora de Jesus. Mesmo mtas igrejas alimentam isto nos fieis, tipo vem que seu problema será resolvido, por isto ou por pura ignorância continuamos como os judeus em busca de milagres. “Eu sou o pão da vida: quem vem a mim não terá mais fome, quem crê e mim não terá mais sede”. "E nós, somos como os judeus que procuram Jesus para ganhar o “alimento que perece”, ou como a samaritana que não entendia que o mestre lhe oferecia uma água diferente daquela do poço? Nem os judeus, nem a samaritana entenderam o “sinal”; ficaram no nível material" .

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