A FORÇA DO REINO DE DEUS
Primeira
leitura (Ez 17,22-24)
No tempo de Ezequiel o povo hebreu passava por um
tempo difícil: Joaquim, o último rei da dinastia de Davi, fora derrotado,
aprisionado e deportado para a Babilônia. Parecia o fim da dinastia à qual Deus
prometera que seria eterna. Ezequiel, porém, profetizou que Deus
tomaria um ramo da dinastia de Davi e o plantaria no alto de uma montanha da
terra de Israel (v.22).
A partir dessa situação foi crescendo a expectativa
por um Messias, de um rebento da família de Davi, destinada a realizar todas as
promessas feitas pelo Senhor ao seu povo.
No tempo estabelecido, as profecias se cumpriram.
Jesus é o rebento do majestoso cedro que Deus plantou na terra. Esta
leitura é um apelo a crer em Deus contra toda esperança.
Segunda leitura (2Cor 5,6-10)
São Paulo, cansado de perseguições e sofrimentos
está desanimado e deseja morrer para estar com o seu Senhor. Mas em
seguida se dá conta de que seu desejo de deixar este mundo poderia ser
interpretado como fuga dos problemas e das responsabilidades frente às suas
comunidades. Por isso, enquanto o Senhor lhe der forças, continuará o seu
apostolado.
Evangelho (Mc 4,26-34)
Jesus era um grande comunicador. Usava a linguagem
do povo: servia-se de comparações e analogias, contava histórias simples,
tiradas da vida dos pastores, pescadores, comerciantes, cobradores de impostos
e sobretudo dos lavradores entre os quais vivia. Deste modo todos o entendiam e
conseguiam assimilar a sua mensagem.
Eis uma lição para nós de hoje: Não basta captar o
sentido das leituras, é preciso procurar as palavras e as imagens apropriadas
para comunicar aos ouvintes as riquezas da Palavra de Deus. Isto exige, horas
de concentração, meditação, paciência e sobretudo de oração. Ideias
abstratas, distantes da realidade do dia a dia, linguagem incompreensível para
o povo simples, constituem sinais de uma homilia preparada às pressas e que não
comunica mensagem nenhuma.
A primeira e a terceira parábolas são muito breves,
concentram-se na força própria da semente sendo que o agricultor intervém só
para semear e colher. Sublinha a força irresistível da semente. Já a terceira
parábola fala dos cuidados que o lavrador deve ter para que a semente produza os
frutos esperados.
Jesus não insiste tanto no trabalho do agricultor
para destacar melhor a energia vital irresistível da semente que é a palavra. A
semente é a palavra. Depois de semeada em terra fértil ela começa a germinar e quem
a escutou nunca mais consegue ser o mesmo. É inevitável que aconteça uma
transformação interior.
A maturidade espiritual não acontece de repente
como o ensina a própria natureza. É antes
um processo que acompanha o desenvolvimento físico e psíquico. É preciso ter
paciência e não perder o alento por não sermos aquilo que gostaríamos de ser e
ainda não somos.
A homilia de muitos padres é calcada em insistentes
convites para o compromisso, para atividades sem conta e difíceis, a trabalhos
estafantes. O evangelho de hoje, no entanto, destaca outro momento importante da vida: aquele durante o
qual é preciso saber “dormir”, isto é, saber esperar, manter a calma e
acompanhar, com admiração, o desenvolvimento da semente que “cozinha”, germina,
cresce e produz frutos abundantes. Não era possível, de fato, ficar indiferente
diante do fato que uma semento do tamanho da da mostarda pudesse dar origem,
numa só estação, a um arbusto, de quase quatro metros de altura.
A mensagem dessa parábola está interligada
com a da anterior. Jesus não tem o objetivo de profetizar a respeito do futuro brilhante da Igreja
que, tendo começado com alguns poucos pescadores, está destinada a se tornar
uma sociedade numerosa e forte, em condições de ser respeitada. O progresso do
Reino de Deus no mundo não se mede com números, O “Reino de Deus não pode ser
visto porque está no íntimo do coração de cada homem” (Lc 17,21). Jesus quer dizer que o Reino de Deus está semeado no mundo e no coração de uma
pessoa como uma semente. Observando suas diminutas dimensões, alguém poderia
ser lavado a pensar que logo será destruído, inutilizado. Jesus garante, ao
contrário, que, não obstante todas as aparências, ele crescerá e acabará transformando o mundo onde ele foi
semeado.
Excelente padre José! Essa homilia me chegou em bia hora! Deus lhe recompense!
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