TERCEIRO DOMINGO DA QUARESMA - ANO A



JESUS E A SEDE DA HUMANIDADE

Primeira leitura (Ex 17-3-7)

A saída do povo hebreu do Egito para a Terra Prometida foi uma festa: cânticos festivos e gritos de alegria. Mas a alegria durou pouco. No deserto: o calor sufocante, o cansaço, as serpentes, a fome, e sobretudo a sede. Diante disso, o povo começou a duvidar da fidelidade e das promessas de Deus: perguntavam: afinal, o Senhor está no meio de nós, sim, ou não (v.7).
O lugar onde acontece este fato recebe os nomes de Meribá-Meribá, em hebraico: tentação-discussão.
Algo semelhante acontece aos néo-convertidos. Batizados, pensam: o Espírito me conduzirá sempre e somente para o bem, serei eternamente feliz, sem doenças, sem desgraças, sem problemas de família, sem acidente no trabalho....  Mas não demora começam os desencantos, as dificuldades de sempre.
A est altura, o cristão, como o povo de Israel, começa a duvidar que Deus realmente acompanhe a comunidade na sua caminhada. Como o povo de Israel espera que a religião traga benefícios de ordem material e moral. A religião não muda a realidade, mas dá forças para enfrenta-la.
Note-se que no texto deste dia Deus não reage com castigos à dúvida do povo. Ele conhece a fragilidade e as dificuldades dos seus filhos. Sabe que existem situações nas quais é muito difícil para o homem continuar acreditando.

Segunda leitura (Rm 5,1-2.5-8)

Em meio às dificuldades e incertezas da vida, podemos chegar ao ponto de pensar que Deus nos tenha abandonado e que a nossa esperança não tenha nenhuma base sólida. O problema é que baseamos a nossa esperança sobre nossas boas obras.
Paulo, pelo contrário, nos ensina que a nossa esperança não está fundada nas nossas boas obras, mas no amor de Deus. Este amor não é fraco, nem inconstante nem inseguro como o nosso. Estamos dispostos a amar somente os bons, os amigos, os que nos proporcionam o bem. Deus é diferente de nós. Deus ama os homens também se são seus inimigos; de fato, enquanto eles recusavam o seu a amor e o desprezavam, mandou-lhes o seu Filho (vv.7-8).
A nossa esperança, diz Paulo, nunca será em vão, não porque nós somos bons, mas porque Deus é bom (vv,1-2)
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Evangelho (Jo 4,5-42)

O evangelho trata do encontro de Jesus com a samaritana no poço de Jacó. Antigamente  o poço era o lugar onde as pessoas se encontravam. O poço ainda existe hoje e se encontra na estradada que conduz da Judéia para a Galiléia. É muito fundo (32 mts.) e continua a oferecendo água boa e fresca como no tempo de Jesus. Este que vos escreve teve a oportunidade emocionante de beber dessa água!
Jesus cansado da viagem, senta-se junto ao povo, à espera dos discípulos que foram comprar alimentos no vizinho povoado de Sicar. É meio-dia quando chega uma mulher para buscar água e Jesus lhe pede de beber.
Ficam espantados: a mulher porque Jesus é um “odiado” galileu; os discípulos ao verem Jesus conversando sozinho com uma mulher, o que era proibido naquele tempo; e porque a mulher era uma herege samaritana.
Mas vamos à parte central do evangelho: o diálogo entre Jesus e a Samaritana.
No Antigo Testamento, Javé é apresentado como o esposo e Israel(em hebraico nome feminino), a esposa. Acontece que Israel foi infiel: abandonou-se nos braços dos egípcios, depois dos assírios, dos babilônios, dos persas, dos estrangeiros de língua grega, e por fim dos romanos. E toda vez adorava seus deuses.
A samaritana representa o povo de Israel. Sua vida “atrapalhada”com seus “amores”,  adultérios, traições é a mesma do povo hebreu. Jesus encontra essa esposa infiel no poço e quer reconduzi-la ao seu primeiro amor: Javé.
Desde o início o Evangelho de João apresenta Jesus como o esposo e a humanidade pecadora como a esposa que ele veio buscar novamente. Com o seu amor quer torna-la novamente fiel.
Os discípulos foram à procura do alimento material. A mulher veio buscar água material. A estas pessoas Jesus tem para oferecer um alimento e uma água que eles não conhecem(vv.10.32).
A samaritana em todos os dias buscar aquela água material porque não está em condições de satisfazê-la e de aplacar sua sede. A água do poço é o símbolo de todas as satisfações, de todos os prazeres que os homens procuram avidamente, na esperança de encontrar neles a própria felicidade, mas que no fim deixam sempre muito vazio e muita desilusão.
De modo semelhante o pecador: procura o prazer e a felicidade nas bebedeiras, no adultério, no roubo...etc. mas continua infeliz, porque prazer e felicidade são duas coisas distintas e podem existir uma sem a outra.
A mulher samaritana, no começo do diálogo só pensa na água material. Lentamente, porém começa a aceitar a proposta de Jesus. É interessante observar o seu progresso na descoberta da pessoa de Jesus. No começo ele era somente um viajante judeu (v.9), depois se transforma em senhor(v.11, depois é um profeta(v. 19), em seguida é o Messias (vv.25-26),  por fim, com sua gente o proclama Salvador do mundo (v.42).
É o percurso de todo homem que se converte em pessoa de fé e recebe o Batismo.
Depois que a mulher encontrou o Cristo, abandona o cântaro e corre a anunciar a todos a sua descoberta e a sua felicidade. Este trecho do evangelho termina com um convite para que todos sejam “missionários”, isto é, testemunhar aos outros a obra que Deus realizou em nós.


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