SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA - ANO A





JESUS: REI E PROFETA DO PAI


Primeira leitura (Gn 12,1-4)

Esta leitura apresenta o começo da história da salvação. O personagem principal é Abraão que viveu há cerca de 1850 a.C. na Mesopotâmia, a região mais evoluída do planeta, que havia desenvolvido a escrita, técnicas agrícolas muito avançadas, escolas de ensino superior, um Estado muito eficiente, leis sábias e tribunais que administravam a justiça de maneira imparcial. ( cf. O Código de Hamurabi)
Mas Abraão estava frustrado: era idoso e sua mulher era estéril. O que ele mais desejava era uma descendência e uma terra para viver.
Em meio às perturbações políticas que estavam acontecendo na região, Abraão resolve partir para uma outra terra, deixando parentes e familiares. Para o povo da bíblia, a bênção está intimamente associada à vida que passa de pai para filho, garantida  pela herança dos bens que dão sustentação à vida.
As perturbações  políticas são para Abraão um sinal de Deus: uma voz de Deus: “Vai para a terra que eu vou te mostrar. Farei de ti um grande povo...”  “Em ti serão abençoadas todas as famílias da terra”...E Abraão partiu como o Senhor lhe havia dito”.
Deus fala aos homens não através de uma voz misteriosa, mas através dos acontecimentos da história.

Segunda leitura (2Tm 1,8b-10).

Timóteo era bispo de Éfeso, uma das maiores cidades do  Império Romano.
As coisas não corriam bem para as comunidades de toda aquela região; começam as primeiras perseguições, muitos cristãos vacilam na sua fé, começam a desertar da comunidade e voltam a fixar seus olhares e seus interesses nos bens deste mundo.
Na segunda parte da leitura (vv. 9-10) outro ensinamento importante é lembrado: a vocação cristã é totalmente gratuita. Por isso mesmo a religião deve ser uma resposta gratuita a Deus, sem medo e sem interesses.

Evangelho (Mt 17,1-9)


Se o evangelho de hoje fosse uma crônica, seria fácil. Mas Mateus se serve de figuras e símbolos, estranhas para nós,  para nos mostrar quem é Jesus.
Para começar é interessante observar, especialmente no Evangelho de Mateus, ao fazer ou dizer alguma coisa muito importante, sempre sobe a um monte: a última tentação acontece num monte (4,8); as bem-aventuranças são pronunciadas numa montanha(v.5.1: num monte são multiplicados os pães (15,29) e, no fim do evangelho, quando os discípulos encontram o Ressuscitado e são enviados para o mundo inteiro, encontram-se na montanha que lhes fora indicada(28,16).
Porque tanta insistência na montanha? É que Moisés foi no alto da montanha para receber a revelação de Deus, que depois transmitiu ao povo. Mais, ao subir na montanha, não foi sozinho, mas levou consigo dois discípulos (cf. Ex 24,1.19) e que foi envolvido por uma nuvem. Na montanha sua face também foi  transfigurada pela luz da glória divina (Ex 34,30).
Está claro o que Mateus nos quer dizer? Quer nos apresentar Jesus como o novo Moisés, como aquele que dá ao povo representado pelos três discípulos, a nova lei, a revelação definitiva de Deus.
O semblante resplandecente e as vestes luminosas indicam, sempre conforme o simbolismo do tempo, a presença de Deus na pessoa de Jesus.
O mesmo sentido tem a nuvem luminosa que, segundo o Êxodo (24,15-16) acompanhava e protegia o povo no deserto quando da  peregrinação para a terra prometida. Também ali indicava a presença de Deus.
A voz do céu (v.5) é o modo de apresentar o que Deus pensa de um determinado acontecimento, como no batismo de Jesus: “Este é o meu filho predileto, escutai-o”.
Moisés  e Elias. O primeiro é aquele que deu a Lei ao seu povo. Elias é o primeiro dos profetas. Os dois representam todo o Antigo Testamento que assim é orientado para Jesus. É ele a explicação e a realização do toda a Lei e de todos os Profetas.
A um certo momento, Moisés e Elias desaparecem, já cumpriram a sua missão: apresentar ao mundo o Messias, o novo profeta, o novo legislador .É a ele e somente a ele que os discípulos devem dar ouvidos.


Comentários