QUARTO DOMINGO DA PÁSCOA – ANO C


            JESUS, PASTOR-MODELO

Primeira leitura (At 13,14.43-52)
O texto relata a primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé. Chegando a Antioquia da Pisídia entram numa sinagoga e começam a anunciar a Boa Nova de Jesus (v.14). Muitos são tocados pelo chamado de Deus para o caminho da vida. Mas a maioria se sente incomodada porque a salvação e as bênçãos de Deus sejam agora oferecidas também aos pagãos e por isso insultam os apóstolos. Algumas mulheres da nobreza que têm maridos ou filhos ocupando cargos na administração da cidade: apelam para os mesmos e conseguem que os apóstolos sejam expulsos(vv.43-50).
1.A resistência dos judeus à novidade proposta por Paulo e Barnabé é a mesma que todos nós experimentamos em face da mudança de vida que Deus nos propõe.
Quantos cristãos identificam ainda a própria fidelidade a Deus com práticas externas, com devoções, com a monótona repetição de fórmulas, de gestos, cerimônias. A fidelidade a Cristo não está na observância de um código de leis bem definidas; exige mudanças, “conversões” para aceitar novas maneiras de formular e viver a fé. É preciso aqui mencionar a nova evangelização pedida pelo Papa João Paulo II: “novos métodos”: retiros querigmáticos ou de conversão, “Sine”, “células”,  etc. e sobretudo “novo ardor” ; leigos evangelizando corpo a corpo...Mas isto exige superar o comodismo tanto por parte dos pastores como dos leigos. A vida cristã é um processo...
2. O episódio narrado na leitura de hoje lembra que também Jesus foi expulso da sinagoga de Nazaré por questionar que eles  tinham o pleno conhecimento de Deus e uma interpretação correta   das Escrituras (Lc 4,16-29). O mesmo acontece hoje com os autênticos pregadores do evangelho.
3. Após ter registrado que Paulo e Barnabé foram obrigados a seguir para Icônio (v.51), o trecho termina com uma observação surpreendente: “Os discípulos por sua vez, estavam cheios de alegria e do Espirito Santo”(v.52) Que coisa estranha: os maus levaram a melhor sobre os dois apóstolos, e os cristãos, em vez de chorar, estavam cheios de alegria!

Segunda leitura (Ap 7,9.14b-17)
A vida humana, como sabemos é marcada por dores, angústias, sofrimentos de inocentes, injustiças, violências etc. O livro do Apocalipse dedica quatro capítulos a este problema angustiante. No céu existe um livro onde tudo está explicado. Só que esse livro está lacrado com sete selos que nenhum homem pode romper. 
Mas será que esse livro permanecerá lacrado para sempre? Não. O Cordeiro, diz o vidente, abrirá o livro e romperá um a um os selos, isto é, desvendará os mistérios de nossa vida e daí surgirá uma imensa multidão que ninguém ode contar, pessoas de todas as raças, línguas e nações, revestidos de vestes brancas e com palmas nas mãos. A veste branca simboliza a alegria e a inocência, as palmas são o sinal da vitória. Essas pessoas são aquelas que neste mundo suportaram tribulações (resistência ativa diante das perseguições) e deram a própria vida  pelos irmãos , como fez o Cordeiro.
Nos versículos 16-17 se diz que o Cordeiro será seu pastor. Imagem estranha: “o Cordeiro será o seu pastor”. É que Jesus se tornou o nosso pastor, o nosso guia, porque deu sua vida por amor, porque foi imolado como um cordeiro.

Evangelho (Jo 10,27-30)
O povo da Palestina criava gado miúdo: ovelhas, cabritos...seus donos e cuidadores eram chamados de “pastores” Jacó, Moisés, Davi e o próprio Deus foram chamados de pastores.
Jesus retoma esta imagem do A.T. e a aplica a si mesmo. Afirma: “Eu sou o verdadeiro pastor” (Jo 10,11.14), confirmando assim ser ele o esperado libertador anunciado pelos profetas, o pastor que conduzirá o povo pelos caminhos da retidão e da fidelidade ao Senhor.
1.Falando de Jesus “Bom Pastor” a primeira imagem que nos ocorre é aquela imagem meiga e suave de Jesus acariciando com ternura a ovelha ferida que ele carrega nos ombros ou nos braços. Esta imagem vem de Lucas que fala de Jesus indo em busca da ovelha perdida.
O “Bom pastor” de João, pelo contrário é um homem enérgico, robusto e decidido que luta contra os bandidos e contra os animais selvagens, como Davi que perseguia o leão e o urso e resgatava a ovelha arrancando a presa dos seus dentes. Por isso mesmo ele pode dizer: “As minhas ovelhas jamais hão de perecer e ninguém as roubará de minha mão”. Jesus as defenderá. O amor de Jesus é gratuito e incondicional. Esta é a grande mensagem! Esta é a Boa Nova que nos vem da Páscoa e que cada cristão deve anunciar a todos os homens. Também para aquele que fez tudo errado na vida ele deve dizer: as tuas fraquezas, as tuas misérias, as tuas escolhas de morte não conseguirão derrotar o amor de Cristo.
2. A segunda imagem, a das ovelhas, deve ser explicada, para não ser interpretada de maneira negativa. A ovelha é uma criatura mansa e dócil, não grita nem quando é morta. O cristão não pode ser assim, passivo. Também não é assim que os leigos são as ovelhas que sem discutir obedecem a todas as disposições do pároco, enquanto os pastores são os membros do clero, da hierarquia eclesiástica.
O único pastor é Cristo. Suas “ovelhas” são todos os que tem a coragem de segui-lo nesse dom da vida em favor dos irmãos.
A imagem de Jesus como “Bom Pastor” fez muito sucesso nos primeiros séculos da Igreja. No entanto foi perdendo força e atrativo em nossos dias na medida em que pode evocar o seguimento gregário de Cristo, de um “rebanho” de cristãos pouco conscientes e responsáveis. Melhor do que “Pastor” talvez sejam os títulos de “Amigo”: “Já não vos 

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