Nascimento de São João Batista

DEUS É MISERICÓRDIA PARA OS POBRES

Primeira leitura (Is 49,1-6)
Nesse trecho aparece a figura misteriosa do “Servo do Senhor”. Provavelmente simboliza o povo de Israel.
Estamos na Babilônia mais de cinco séculos antes do nascimento de Jesus Cristo. Israel está aprisionado em terra estrangeira. Está na pior. A única consolação é o passado: Libertação do Egito, passagem do mar vermelho e do deserto, conquista da terra prometida; reduzido a um grupinho insignificante de deportados dos quais só se pode ter compaixão. E, no entanto, é exatamente através dele que o Senhor  “manifestará a sua glória” (v.3).
As escolhas de Deus não estão atadas aos méritos  ou às qualidades do homem, são livres e imprevisíveis, têm como única justificação o seu amor gratuito e são sempre destinadas ao cumprimento de uma missão. 
Nesse Servo, do qual fala a leitura, os cristãos imediatamente reconheceram a imagem do verdadeiro Servo fiel do Senhor, Jesus de Nazaré. Ele salvou o mundo por meio do que os homens consideraram o maior fracasso: a morte na cruz.
Como o Servo do qual fala a leitura de hoje, também João Batista foi escolhido desde o seio de sua mãe e plenificado com a força de Deus (Lc 1,15) em vista de uma grande missão: preparar o caminho para Cristo, luz das nações.

Segunda Leitura (At 13,22-26)
Em Antioquia de Pisídia, na Ásia Menor, Paulo faz um grande discurso, onde após falar de Davi  como eleito de Deus, fala de João Batista, porque é o último dos profetas. Encontra-se no fim da época da expetativa  e assinala o início do cumprimento das promessas. Esse fato é bem assinalado pela data em que celebramos a festa  do seu nascimento (21 de junho: solstício no hemisfério norte, enquanto para nós é dia 21 de dezembro).
Da obra do precursor convém recordar:
A pregação de um batismo de conversão; a sua recusa a ser considerado o Messias; O testemunho em favor de quem é maior do que ele.
João Batista não quis que os olhos estivessem fixados nele, mas em outro, sobre aquele de quem ele se sente  indigno de desamarrar as sandálias. É em Jesus que é preciso fixar os olhos. Foi só  “no fim de sua missão” que João chegou à certeza sobre a identidade de Jesus.  Por isso enviou alguns de seus discípulos a perguntar-lhe: “Es tu o que há de vir ou devemos esperar por outro” (Lc 7,19).
O caminho da conversão que o Batista nos convida a empreender é longo, difícil, incompreensível e às vezes inaceitável para o nosso “bom senso”. Também ele percorreu esse caminho. Para reconhecer o Messias de Deus naquele que dá a vida ocorre uma mudança radical de mentalidade. Só quem tem a coragem de deixar-se envolver nesta conversão verá o que o Batista viu... no termo de sua missão...

Evangelho (Lc 1,57-66.80)
Os profetas de Israel usavam fazer promessas para alimentar a esperança do povo  sobretudo em tempos difíceis. Israel ouve essas  profecias, guarda-as devotamente nos seus livros sagrados e as recorda. Espera, espera  mas o Messias libertador não vem. “Recorda” e aguarda. Recorda  para continuar tendo a força de crer na fidelidade de Deus.
O evangelho de hoje apresenta o acontecimento que marcou a aurora de um novo dia, a passagem entre o tempo da “recordação” das promessas do Senhor e o tempo da realização dessas promessas.
1.Na primeira parte ( vv.57-58) fala-se do nascimento do Batista. Este nascimento é visto como um ato de “misericórdia” do Senhor na vida de Isabel. Isabel era estéril e estava muito aflita por estar nesta situação, naquele tempo considerada vergonhosa.
Deus mostra como é grande o seu poder e gratuito o seu amor tornando fecunda uma mulher estéril. O seio de  Isabel representa a condição da humanidade: sem vida, sem esperança, sem futuro. É uma situação insustentável, triste s saída.
Neste ponto explode a alegria, uma alegria que envolve a todos, os pais, os parentes, os vizinhos. É sempre assim que acontece quando Deus entra na história do homem.
2. Na segunda parte (vv.59-66), o tema central é o nome do menino. “No oitavo dia foram circuncidar o menino; parentes e vizinhos queriam chamar o  menino com o nome de seu pai Zacarias(59)”.  A tradição, no entanto, era dar o nome do avô, não o do pai. Parece, no entanto que Lucas, mais que na crônica de um fato, esteja preocupado   em salientar que, para  o Batista, o nome de Zacarias não era adequado.
Porque não Zacarias? A circuncisão é o sinal da pertença ao povo da aliança. Com este rito o circuncidado  passa a fazer parte de Israel e se torna herdeiro das promessas feitas por Deus a Abraão e à sua descendência. No oitavo dia, portanto, João Batista torna-se um israelita, como seu pai.
“Zacarias” significa “Deus se recordou” ou “Deus recorda” as suas promessas. É o símbolo do povo de Israel que ao longo de todo o Antigo Testamento continua a transmitir de pai para filho “ a recordação” das profecias, sem nunca ver-lhes o cumprimento.
No momento em que João Batista se torna membro desse povo não mais pode chamar-se “Zacarias”. Ele não dá simplesmente continuidade à estirpe de seu pai como pensam seus parentes e vizinhos, mas assinala o início da nova era. Terminou o tempo das promessas, chegou o tempo da realização. O anjo que apareceu a Zacarias indicou o nome que Deus queria, “João”(Lc 1,13)  que significa “ O Senhor fez graça”.
3.Na terceira parte (v.80) é resumida a infância de João. O Deserto era para todo israelita um lugar altamente simbólico. Lá seus pais fizeram a experiência da proteção de Deus.
João Batista passa sua adolescência e sua juventude no deserto. Ali prepara sua missão. Depois de ter narrado o nascimento de Jesus ( Lc 2), no início do capítulo seguinte, Lucas retoma o fio do  discurso com estas palavras: “No ano décimo quinto do império de Tibério (....) veio a palavra do Senhor no deserto a João, filho de Zacarias” (Lc 3,1) . Eis novamente João. Agora está pronto para desenvolver sua missão.



Comentários

  1. Mto linda história de vida e o nascer de João Batista... Sábado fui à missa e no final cantaram este hino: Sinceramente me emocionou mto...

    - Um dia, na Galileia, um homem chamado João
    Falava com ternura de amor aos seus irmãos.
    Seu rosto resplandecia, a paz que ele trazia
    Fazei penitência sempre, sempre João dizia.
    Viva João Batista, viva o precursor! Porque João Batista anunciava o Salvador.
    - As margens do Jordão, João batizava o povo
    Dizendo que Deus viria instaurar um reino novo.
    As vezes João se zangava com os duros de coração.
    Dizendo que já estava muito perto a salvação.

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