Segundo Domingo do Tempo Comum – Ano B





O CHAMADO QUE DEUS NOS FAZ

Primeira leitura (1Sm 3,3b-10.19).
Samuel foi um dos líderes mais importantes do Antigo Testamento. Nasceu de uma “virgem” (Ana). Foi sacerdote, profeta e juiz. Aliás, o último “juiz”. Depois de Moisés foi o homem mais importante do Antigo Testamento. Devido à pressão dos inimigos, sobretudo dos filisteus, povo guerreiro que já havia dominado a arte do ferro, Israel estava numa situação difícil. Era preciso unir as forças de todas as tribos. Até aí as tribos eram governadas por chefes carismáticos, chamados “juízes”, nomeados pelos profetas. Para fazer frente aos inimigos sempre mais fortes, o povo pedia um rei que unisse todas as tribos. Samuel consultou a Javé e Javé concordou, mas ao mesmo tempo alertou para os perigos da monarquia.
Samuel ungiu a Saul como primeiro rei de Israel. Fraco, incompetente, sofria de períodos de depressão, acabou se suicidando. Sucedeu-lhe Davi, que governou por 30 anos e foi considerado um rei ideal. A ele o profeta Natan prometeu uma dinastia eterna.

Segunda leitura (1Cor 6, 13c-15a.17-20)
“Tudo é permitido”, “porque privar-me daquilo que dá prazer”?  “o instinto sexual é como o desejo do alimento: deve ser satisfeito: não importa de que maneira”. Assim pensavam os coríntios e também, muitas pessoas de hoje.
Contra isso Paulo ensina que a corrupção sexual é incompatível com a vida de uma pessoa batizada, porque esta está unida a Cristo e forma com ele um só corpo. Os pensamentos, as palavras e as ações do cristão devem ser os de Cristo e é inconcebível que o corpo de Cristo possa servir à   impureza (vv.13-15).
Para fortalecer esta ideia, Paulo afirma, além disso: o corpo do cristão é templo do Espírito Santo (vv. 13-15).
Havia em Corinto, construído no alto de uma montanha, um templo dedicado a Afrodite (a deusa do amor) e neste templo “trabalhavam” continuamente 1.000 prostitutas sagradas. Os peregrinos tinham a convicção de que, ao se encontrarem com elas, entrevam em contato com a própria divindade e dela recebiam energia. Infelizmente, entre os “devotos” que frequentavam o templo para “cumprir suas devoções” havia também cristãos. Paulo sente-se horrorizado diante desse comportamento e na sua carta afirma que esse gesto equivale a unir o corpo de Cristo ao de uma prostituta.
A sexualidade não tem como finalidade satisfazer os caprichos egoístas do homem, mas sim manifestar o próprio amor e a doação de si.

Evangelho (Jo,35-42)
Narra-se nesse trecho o chamado dos três Apóstolos: André, um discípulo sem nome e Simão Pedro.  Nos versículos seguintes a narrativa continua com a vocação de outros dois: Filipe e Natanael (vv. 43-51).
Os fatos se desenrolaram da seguinte maneira: João estava batizando além do rio Jordão e com ele estava um grupo de discípulos. Um dia vendo Jesus que chegava, disse: “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1,29).
No dia seguinte e é aqui que começa a passagem de hoje, João estava com dois de seus discípulos, viu Jesus que passava, olhou para ele e disse: “Eis o Cordeiro de Deus” vv.35-36). Ao ouvir essas palavras, os dois discípulos o deixaram e seguirem o novo Mestre (Jo 3,29-30).
“Cordeiro de Deus”: esta expressão pode se referir ao cordeiro pascal, símbolo, de Jesus ou aludir ao Servo fiel ao Senhor, do qual se fala no livro do Isaías, servo que é comparado a um manso cordeiro, que se deixa conduzir à morte sem apresentar resistência (Is 53,7). As duas alusões podem ser aplicadas a Jesus.
Todas as vezes que celebramos a Eucaristia Jesus é apresentado às nossas comunidades com as palavras do Batista: “Eis o Cordeiro de Deus”. Quando nos aproximamos do altar para comungar o corpo e o sangue de Cristo, deveríamos estar conscientes de que, com o nosso gesto, aceitamos identificar-nos com este Cordeiro que se doa por amor e que, com seu sangue, salva as pessoas da morte.
Chega-se a Jesus sempre através de um intermediário. André e o outro discípulo que passaram a noite com Jesus reconheceram nele o Mestre e o Messias porque o Batista o apontou para eles como o “Cordeiro de Deus”. Pedro é conduzido a Jesus por seu irmão. André. Natanael pôde encontrá-lo porque Filipe lhe falou dele... Quem descobre a pessoa de Jesus, quem percebe que ele tem para todos uma palavra de esperança e de salvação não pode guardar para si uma descoberta tão grande. Sente necessidade de anunciá-la aos outros para que também eles possam encontrar aquele que deu uma resposta às questões fundamentais da própria vida.
Porque muitos dentre nós tem tanta dificuldade de falar de Cristo? Porque, às vezes, sentem até vergonha de declarar-se seus discípulos? Tê-lo-ão encontrado de verdade ou o conhecimento que dele têm é muito, mas muito superficial mesmo?

Comentários

  1. Lindo comentário padre José! Parabéns! E que em 2018 nosso encontro com Jesus resplandeça em toda a poarte onde estivermos!

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