AMAR O POVO
É AMAR A DEUS
Primeira leitura (Ex 22,20-26)
Os textos legislativos do Antigo Testamento, sobretudo do
Êxodo e do Deuteronômio demonstram uma grande preocupação pelos segmentos sociais
mais desprotegidos daquele tempo: os estrangeiros, as viúvas, os órfãos, os
pobres e os endividados. Os estrangeiros não têm a proteção do clã, sendo
facilmente submetidos a maus tratos e explorados, as viúvas, ao perder o
marido, não tem quem as defenda e lhes garanta a propriedade, os órfãos de pai
acabam sendo escravizados pelos gananciosos, Os pobres se veem cada vez mais
endividados, sem chance de escapar à usura dos que detém o poder e a força;
finalmente, os que para não entregar a vida penhoravam seus bens não tem os que
os defenda.
Após ter vivido a escravidão no Egito, o povo hebreu, agora
livre, queria uma sociedade onde todos tivessem acesso à vida e à liberdade,
daí as leis do Deuteronômio em defesa da viúva, do órfão, do estrangeiro, já
que Israel também fora estrangeiro, e do pobre (cf. vv.20;22-23;24-26).
Segunda leitura (1Ts 1,5c-10)
Paulo dá graças a Deus que os tessalonicenses acolheram a
palavra de Deus com alegria apesar das muitas tribulações e assim se tornaram
modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia.
Paulo fala muitas vezes de “tribulação” aludindo com isto às pressões e opressões sofridas por
aqueles que se comprometem com o projeto de Deus. A fidelidade a esse projeto
provoca conflitos, e os que não querem mudanças sociais procuram a todo custo
impedir o avanço da palavra que liberta. Paulo sentiu isso na própria pele,
tendo chegado a Tessalônica coberto de feridas e com as marcas da tortura
sofrida em Filipos. Apesar dessa aparente fragilidade, os tessalonicenses deram
crédito à palavra, tomando Paulo como referência. “Vocês se fizeram imitadores
nossos... acolhendo a Palavra... apesar de tantas tribulações.
Evangelho (Mt
22,34-40)
Os fariseus haviam feito um catálogo de 613 mandamentos: 365
proibições (não se deve fazer) e 248 prescrições (é preciso fazer). A Amizade
de Deus dependia disso e a graça também. As mulheres tinham sorte, porque eram
obrigadas a observar somente as proibições. Jesus falou um dia de “pesos
insuportáveis (Lc 11,46), do jugo pesado que oprime, que cansa, que tira a
respiração e a alegria de viver (Mt 11,28).
Havia uma discussão sobre qual desses mandamentos era o mais
importante. Uns diziam que era o preceito
do sábado, outros diziam que o principal era o amor a Deus e ao próximo como pedia o Deuteronômio: “Amarás o
Senhor teu Deus de todo o coração, com toda a alma e com todas as tuas forças
(Dt 5,6). Todo israelita conhecia bem esta fórmula, porque a recitava duas
vezes ao dia: na oração da manhã e na da tarde.
Havia também quem colocasse em primeiro lugar o amor ao próximo. Conta-se que um certo
dia um pagão se apresentou a um famoso rabino chamado Hillel e lhe disse:
“converter-me-ei se conseguires ensinar-me toda a lei enquanto permaneço ereto
num só pé.” Hillel lhe respondeu: “O que não te agrada, não o farás a teu próximo! Esta é toda a lei: o restante é
comentário”. Jesus, por sua vez falou em outra oportunidade: “Tudo o que
quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles: nisto estão toda a lei e os profetas” (Mt
7,12).
Para dirimir as dúvidas os fariseus perguntaram a Jesus:
“qual é o maior mandamento da lei?” Respondeu Jesus: amarás o Senhor teu Deus de todo
teu coração e toda a sua alma e de todo teu espírito (Dt 6,5). Este é o
maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este é: Amarás teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18). Nesses dois mandamentos se
resumem toda a lei e os profetas
Algumas diferenças. Onde Hillel diz “não fazer”, Jesus diz
“fazer”. Outra diferença: a palavra “próximo” no Antigo Testamento se referia a
um membro do próprio povo. Jesus pelo contrário quer que o amor se estenda a
todos os homens. Os seus seguidores devem fazer o bem até aos próprios inimigos
(Mt 5,43-48). Outra diferença ainda consiste no fato de que Jesus coloca no mesmo plano o amor a Deus e o amor ao
próximo.
Amar o próximo é relativamente fácil. Mas o que significa amar a Deus? Assistir à missa
dominical, pagar o dízimo, começar o dia com alguma oração, além disso
devoções, cantos, terços, procissões, romarias, solenes celebrações litúrgicas,
jejuar, fazer penitências, adoração, louvor.......Mas Deus não é carente, ele
não precisa de nada disso. Nós é que precisamos disso para expressar nossa
filiação e nossa creaturalidade. É bom lembrar sempre que nós viemos de Deus e
caminhamos para ele. A única maneira de amar a Deus é amar o próximo (Rm 13,9 e Gl 5,14). Por aí se vê se
alguém ama a Deus. Como dia S. João: como alguém pode dizer que ama a Deus que
não vê se não ama o próximo que vê?
A primeira função da
oração é a acolhida do dom de Deus. Não precisamos dizer a Deus o que precisamos,
ele o sabe melhor. A segunda função da oração é a partilha da experiência de
Deus e a caridade. A terceira função é a ação de graças. E a oração de pedido?
Ela não tem a função de mudar o plano de Deus, mas expressá-lo e aceitá-lo.
Obrigada Pe. Knob pela homilia... Linda...Tomara que aprendamos a viver o verdadeiro sentido desta lei (Amor a Deus e ao próximo). Penso que seja o único caminho para a ‘Paz e Felicidade’. Visto que vivemos um momento nacional tão difícil, onde acreditar é algo tão complicado, precisamos dar uma chacoalhada em nosso ser, abrir nossos corações e não se perder na caminhada da Fé e da luta pra nos tornarmos seres melhores, por um Brasil melhor, por um mundo melhor...Que não nos tornemos incrédulos e que não percamos o sentido de amar... “Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração e toda a sua alma e de todo teu espírito (Dt 6,5) e Amarás teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18). Que Jesus, o grande mestre, nos ilumine, nos ajude a assimilar de verdade esta lei e a amar de verdade: a Deus, a nós mesmos e ao próximo...
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